A produção brasileira de aço deverá somar, neste ano, 32,5 milhões de toneladas, crescimento de 3,8% em relação ao volume registrado no ano passado, de acordo com o Instituto Aço Brasil (IABr). A entidade manteve a estimativa divulgada em abril deste ano.

Para as vendas no mercado interno, no entanto, a previsão é de queda de 1,3%, para 16,31 milhões de toneladas, também a mesma expectativa de baixa comunicada em abril. “Tivemos um retrocesso em uma década”, disse nesta quarta-feira, 26, o presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Pollo de Melo Lopes.

Para as exportações, dada a fraqueza do mercado interno, as projeções foram alteradas hoje. A estimativa é de alta de 9,1% das vendas externas, para 14,6 milhões de toneladas, ante uma estimativa anterior de crescimento de 6,4%.

Para o IABr, elevar as exportações é a “única saída de curto prazo para evitar o agravamento da situação da indústria do País”. Para isso, o IABr reafirma que é necessário que o governo eleve a alíquota do reintegra de 2% para 5%.

A projeção para as importações de aço também foi elevada, de alta 6,6% neste ano para avanço de 18,8%, a 2,232 milhões de toneladas.

Já a previsão de consumo aparente de aço foi reduzida, de um crescimento de 2,9% neste ano para 1,1%, a 18,4 milhões de toneladas.

Discurso conflitante

O discurso do governo de que a atividade econômica está sinalizando retomada é conflitante como a realidade da economia, disse Marco Polo de Mello Lopes, em coletiva de imprensa em São Paulo. Segundo ele, a própria decisão de aumentar os impostos dos combustíveis demonstra essa percepção, visto que o governo admitiu que teria que elevar as taxações por conta da queda das receitas. “A receita pela arrecadação cai pelo fato de a economia estar fraca”, disse.

“No entanto a realidade não está sendo reconhecida (pelo governo). Achamos que o mercado interno não retomou, não está retomando e não retomará em 2017”, disse. A projeção do IABr é de que as vendas internas neste ano caiam 1,3%, para 16,3 milhões de toneladas, mesmo patamar daquele observado em 2005.

Lopes disse ainda que o governo está colocando a indústria em segundo plano. O executivo defendeu a manutenção da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), o que, segundo ele, é hoje o único instrumento que pode trazer algum tipo de apoio para a indústria. Ele também criticou o discurso de liberação do comércio e as mudanças das regras de conteúdo local.