De bicicleta, Márcio e Amanda pararam em uma das esquinas da Avenida Brasil, na zona oeste, de São Paulo. O casal ficou “chocado” ao saber da suspensão das ciclofaixas de lazer na cidade. “Nossa, jura? Que absurdo. A gente ia pegar ela (a ciclofaixa) era tão mais seguro”, disse a decoradora Amanda Gorga, 39 anos. “Eu ouvi algo a respeito, mas fui pego de surpresa. Já era algo que todo mundo estava acostumado”, completou o publicitário Márcio Gorga, 41 anos.

Na avenida Paulista, a surpresa foi a mesma. “Eu achei que não tinha a ciclofaixa por conta da chuva ou da gravação do filme do Keanu Reeves. Como assim? Acabou?”, perguntou o motorista Elias Ferreira, 30 anos. “Na Paulista fechada o impacto é menor, mas se você pensar em outros lugares e avenidas, a ciclofaixa era importante para manter a segurança do ciclista. Agora, o número de acidentes pode aumentar”, argumentou o professor Luiz Otávio Pereira, 27 anos.

Depois de 10 anos, o programa que reservava, aos domingos e feriados, faixas de ruas e avenidas da cidade para o trânsito de bicicletas chegou ao fim. A Bradesco Seguros, que patrocinava a operação, encerrou o contrato com a Prefeitura. Em nota, a Bradescos Seguros afirmou que “entende que seu ciclo como patrocinador da CicloFaixa de Lazer de São Paulo está completo”.

Em nota, a Prefeitura afirmou que “por meio da Secretaria de Mobilidade e Transportes busca empresa para operar a ciclofaixa de lazer aos domingos na cidade”. Ainda segundo a Prefeitura, “a patrocinadora que operava a ciclofaixa encerrou sua operação, a pedido, no último dia 25 de agosto. No dia 26 de agosto, a Secretaria de Mobilidade e Transportes abriu processo para contratação emergencial do serviço. No entanto, as propostas apresentadas não atendem aos requisitos legais e não garantem a segurança dos ciclistas”. Em razão disso, “a ciclofaixa de lazer terá sua operação temporariamente suspensa até que seja possível contratar nova empresa que ofereça o serviço com segurança à população”.

Há 10 dias, o próprio Prefeito Bruno Covas havia dito que se são não houvessem interessados a Prefeitura iria manter a operação das ciclofaixas aos domingos. Segundo a assessoria da Prefeitura, o município assumirá a operação no caso de não aparecer nenhuma empresa interessada.

As ciclofaixas de lazer funcionavam aos domingos, das 7h às 16h, bem como em feriados nacionais. As ciclofaixas contavam com funcionários para sinalizar e orientar ciclistas, empréstimo de bicicletas e até serviços de mecânico. ” Era um serviço que a população já contava. Eu mesmo, às vezes, chegava na Paulista sem bike e acabava retirando uma por empréstimo só para dar uma volta. Espero que retomem logo”, disse o administrador de empresas Wellington de Souza Mattos, 28 anos.

Na cidade, são 473 quilômetros de ciclovias permanentes, mas, desde julho, a Prefeitura está na fase final de um novo plano cicloviário – que prevê a construção de novos 173 km e a requalificação de outros 310 km até o próximo ano.