O empresário Pedro Passos, um dos fundadores da Natura, disse que vê problemas sérios nas duas candidaturas favoritas à Presidência da República. Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, desta segunda-feira (4), Passos afirmou que, se Jair Bolsonaro (PL) vencer as eleições, as crises institucionais se agravarão e apontou a falta de compromisso do candidato com a agenda ambiental.

“Podemos muito adjetivar o que o governo Bolsonaro tenta fazer: destruir as instituições, a democracia, os regulamentos mínimos da lei eleitoral, uma atitude muito tosca do que o Brasil precisa. Então, não precisa falar de programa de governo Bolsonaro porque a gente vive o programa Bolsonaro. A síntese é um show de horror. Em diversos campos. Ele sempre defendeu a ditadura, torturadores, etc. Não tem surpresa em relação à biografia dele. Há surpresa em relação a algumas coisas que ele disse na campanha e não fez. Seria um horror submeter o Brasil a mais quatro anos de bolsonarismo”, declarou Passos ao jornal.

Em relação ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o empresário teme ações ultrapassadas e ineficazes com soluções antigas para problemas novos. “Eu tenho acompanhado, e participei de um jantar com Lula, e, tentando extrair das próprias diretrizes do programa do PT, fico com uma sensação de que a gente está voltando ao passado, com soluções antigas para problemas novos”, disse.

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“A maioria delas já foi vista e não deu certo.  Novo regime fiscal. Ou seja, tirar o teto de gastos, mas não define qual é o novo regime, se terá outro. Reformas tributária e administrativa muito superficiais. A agenda de aumento da produtividade da economia não é prioritária. Crítica a preços de combustíveis”, completa.

Segundo a reportagem, Passos está engajado na campanha de Simone Tebet (MDB). Com outros empresários, ele ajuda a preparar propostas para o plano de governo. “Estou confiante de que com a Simone a discussão vai subir a barra”, disse.

“O PSDB, o MDB não conseguiram se entender adequadamente e o tempo está curto. Mas temos que elevar a barra do debate. Ela vai se tornar mais conhecida a partir da convenção. Torço para que se confirme o nome do Tasso, que vai dar consistência econômica e socioambiental ao programa dela. Um pouco dessa conversa aqui é no sentido de mostrar que o Brasil precisa de uma discussão mais madura a respeito de futuro, de prioridades, integrando políticas públicas com parceria privada. Pela situação de guerra e pandemia tem uma baita oportunidade para o Brasil que é a atração do capital que está circulando no mundo. Tem um caminho para fazermos uma agenda econômica verde e o Brasil tem uma grande vantagem pela frente porque vamos gerar crédito de carbono mais barato. Mas precisa ter segurança jurídica, dos contratos, para atrair o capital internacional”, afirmou.