Um alto funcionário do Departamento de Saúde britânico pediu nesta quarta-feira (20) o retorno de algumas restrições contra a covid-19, como o uso de máscaras em espaços fechados, após o aumento de contágios, hospitalizações e mortes, uma opção descartada no momento pelo governo Boris Johnson.

O número de novos casos diários, entre os mais elevados da Europa, se aproximam dos níveis do inverno (hemisfério norte) e na segunda-feira o Reino Unido registrou quase 50.000 contágios. As mortes e internações continuam sendo muito menores, mas na segunda-feira o país registrou 223 óbitos por covid, o maior número desde março, o que elevou o balanço a quase 139.000 vítimas fatais.

“Já estamos em uma situação na qual as coisas provavelmente devem piorar em duas ou três semanas. Por isso, nós temos que agir de maneira imediata”, declarou ao canal Sky News Matthew Taylor, diretor da NHS Confederation, que reúne várias organizações de saúde pública.

Se o país não adotar medidas, insistiu, a pressão sobre o sistema de saúde aumentará com a chegada do inverno, um período considerado tenso para os hospitais mesmo antes da pandemia.

Com base em uma campanha de vacinação de sucesso e com o desejo de reativar uma economia muito afetada pela covid, o primeiro-ministro Boris Johnson acabou em julho com a maioria das restrições na Inglaterra.

Taylor, no entanto, pediu ao governo a adoção do “plano B”, que prevê o retorno de certas medidas, como o uso de máscaras em locais fechados, o teletrabalho e os passaportes sanitários em caso de agravamento da situação.

Mas o Executivo descarta novas restrições no momento e afirma confiar na campanha de reforço da vacina para as pessoas que receberam a segunda dose há mais de seis meses.

“Não queremos voltar a um confinamento ou a novas restrições”, afirmou o ministro para as Empresas, Kwasi Kwarteng, a Sky News.

Porém, a aplicação da dose de reforço e a vacinação dos adolescentes estão sendo criticadas pela lentidão. “Sempre podemos fazer melhor”, admitiu o ministro.

O governo afirmou na terça-feira que “monitora de perto” uma nova subvariante (AY4.2) que se propaga no Reino Unido. Os cientistas ainda não determinaram se ela é mais contagiosa.

Alguns cientistas atribuem o aumento de casos ao reduzido nível de vacinação entre os menores de idade, à redução da imunidade nos idosos que se vacinaram há muitos meses e à abordagem muito liberal do governo ao tema.