Centenas de professores e estudantes protestavam nesta quarta-feira no centro de Argel contra o prolongamento indefinido do quarto mandato do presidente Abdelaziz Buteflika.

“Não ao prolongamento do quarto mandato” e “Um futuro melhor para nossos filhos”, afirmavam os cartazes exibidos durante a manifestação.

A decisão, considerada uma artimanha, de Buteflika de desistir de disputar um um quinto mandato e adiar as eleições acirrou ainda mais o movimento de protesto, que se repete quase diariamente na Argélia.

Na terça-feira, o logotipo inicial das manifestações que começaram em 22 de fevereiro – um “5” dentro de um círculo e riscado em vermelho – se tornou um “4” para protestar contra a extensão do quarto mandato.

Frente a estes protestos inéditos em 20 anos de poder, o presidente de 82 anos anunciou na segunda-feira que desistia de disputar um quinto mandato, como pediam os manifestantes.

Mas ao mesmo tempo, adiou sem marcar nova data data as eleições presidenciais previstas para 18 de abril, prorrogando de fato seu mandato atual até o próximo pleito, que segundo anunciou Buteflika, serão convocadas após a realização de uma conferência nacional que poderia durar até o fim deste ano.

Mas nas redes sociais, a hashtag “Movimento_de_15_de_Março” substituiu os anteriores de 22 de fevereiro, 1º e 8 de março, as últimas três sextas-feiras, quando houve grandes manifestações.

A hashtag sugere uma nova manifestação para a próxima sexta-feira em protesto contra o que se considera uma manobra do presidente argelino para se perpetuar no poder.

Buteflika retornou à Argélia no último domingo depois de duas semanas de internação na Suíça para “exames médicos de rotina”.

Ao se comprometer “a entregar os poderes e prerrogativas de presidente da República ao sucessor que o povo argelino escolher livremente”, Buteflika indica implicitamente que seguirá como chefe de Estado até o final de seu mandato, em 28 de abril de 2019.