O Instituto Rio Branco abriu procedimento para esclarecer se um dos professores da banca examinadora do concurso de admissão à carreira diplomática também ministrava aulas em cursinhos preparatórios para ingressar na escola preparatória de diplomatas brasileiros.

A prática contraria termo de compromisso assinado por membros da banca e pode levar a questionamento legal do resultado do concurso, um dos mais prestigiosos do País, que tem neste ano 198 candidatos por vaga.

Nos últimos meses, aspirantes à carreira de diplomata passaram a desconfiar que o professor de francês Jean-Jacques Chatelard desempenhava a função dupla e que seus alunos poderiam ser beneficiados por estudar, em aula, o conteúdo que cairia na prova.

Em grupos privados dedicados à preparação para o concurso, os candidatos compartilharam um link do portal da transparência que mostrava a transferência de R$ 1.147,69 a Chatelard como “pagamento dos membros da banca examinadora do CACD 2016”.

O instituto confirmou a participação de Chatelard na banca de 2016, em resposta a um pedido via Lei de Acesso à Informação feito pelo site Clipping CACD. Procurada, a instituição informou à reportagem que notificou o professor para que ele preste esclarecimentos sobre o caso. “Em vista do exposto, o professor Chatelard foi afastado temporariamente do curso de formação de diplomatas, a partir dessa semana, enquanto a situação está sendo objeto de exame”, explicou o instituto.

Nomes

Chatelard ministrava aulas particulares e atuava no Telos Coaching. No último dia 30, o perfil no Facebook que divulga as aulas do Telos publicou nota sobre o assunto. “A Telos informa que, em consulta ao professor Jean-Jacques Chatelard, este afirmou nunca ter participado da banca do CACD. O professor disse que entrará em contato com a direção do IRBr para esclarecimentos”, dizia o texto. A mensagem foi removida na terça-feira.

Diante da repercussão interna, o Itamaraty divulgou antecipadamente, na terça, a relação de nomes que compõem a banca de 2017, mesmo com concurso em andamento. A lista não inclui o nome do professor.

Desde do dia 3 de outubro, o Estado tenta ouvir Chatelard. Até a conclusão desta edição, o professor não havia respondido aos questionamentos.