A produção, a demanda e o volume de vendas internas dos produtos químicos de uso industrial cresceram no primeiro bimestre de 2021 em comparação com o mesmo período do ano passado. A produção teve alta acumulada de 3,96%, a demanda cresceu 11% e as vendas internas tiveram elevação de 7,36%, segundo dados divulgados nesta terça-feira, 6, pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).

No mesmo período de análise, o volume de importações subiu 22,7% e as exportações recuaram 7,1%. Dessa forma, a participação dos importados no consumo aparente nacional (CAN), resultado da soma da produção mais importação excetuando-se as exportações, no primeiro bimestre foi de 45% contra 41%, em igual período do ano anterior. Já a utilização da capacidade instalada no primeiro bimestre foi de 74%, um ponto acima do mesmo período de 2020.

Nos últimos 12 meses, de março de 2020 até fevereiro de 2021, a produção cresceu 0,69% e as vendas internas 2,82%, em relação aos 12 meses anteriores. Já as importações cresceram 22,2% e as exportações caíram 14,8%. Desta forma, a demanda representada pelo CAN exibiu forte recuperação, de 13,2%, nos últimos 12 meses sobre igual período imediatamente anterior.

“A queda nas exportações mostra a priorização dada ao mercado local. E a manutenção do ritmo positivo depende do desempenho econômico, da melhora da competitividade do setor frente aos competidores internacionais e de como a pandemia de covid-19 terá impacto nos setores clientes da química”, explica a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira.

O preço do petróleo no mercado internacional subiu estimulado pela expansão da demanda, o que pressionou o preço da nafta, com reflexos nos preços dos produtos químicos.

No Brasil, essa situação é agravada pela desvalorização do real em relação ao dólar e pelo fato da maior parte dos produtos químicos fabricados no País ser formada por commodities, cujos preços acompanham essas oscilações e flutuações.

O resultado é que o índice de preços dos produtos químicos no Brasil teve alta real de 27,8% (descontados os efeitos da inflação no País), nos 12 últimos meses encerrados em fevereiro de 2021, em comparação com o período imediatamente anterior.

Segundo a Abiquim, um passo importante para manter o setor competitivo foi a aprovação do novo marco legal do gás, que depende agora de sanção presidencial. A entidade lembra que no Brasil o gás natural custa de três a quatro vezes mais do que nos Estados Unidos e Europa.

“As novas medidas aprovadas ainda levarão um tempo para produzir efeitos nos preços do gás, mas eram absolutamente necessárias para mudar a direção. Mas agora é necessário que as reformas sejam realizadas, especialmente antes da extinção do Regime Especial da Indústria Química (REIQ), o que representará um aumento na carga tributária bem na base da petroquímica nacional”, avalia Fátima.