A produção global de cocaína alcançou nível recorde, atingindo 1.982 toneladas no ano passado, aumento de 11% em relação a 2020. O Brasil está na rota do tráfico de cocaína da América do Sul para África e Europa. Cerca de 284 milhões de pessoas entre 15 e 64 anos fizeram uso de entorpecentes em todo o mundo em 2020, um aumento de 26% em relação à década anterior, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).

Apesar das medidas adotadas com a pandemia de Covid-19 terem impactado a distribuição e a gestão do mercado de drogas, o índice de apreensões internas de cannabis cresceu 107% entre 2020 e 2021, em comparação com o período entre 2018 e 2019. O confisco de cocaína diminuiu 37% no mesmo período por causa das interrupções no transporte internacional. Os dados são do Cocaine Insights, estudo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) e do Centro de Excelência para a Redução  da Oferta de Drogas Ilícitas no Brasil (CdE).

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A venda de maconha aumentou no Brasil impulsionada por grandes fluxos vindos do Paraguai. Já a cocaína teve aumento da entrada no país e queda na saída devido o fechamento das fronteiras.

“A Covid-19 afetou as atividades das forças de segurança, comprometeu as atividades de grupos do crime organizado, impactou os fluxos de cocaína e cannabis e induziu mudanças nas modalidades de tráfico, entre outros impactos no mercado de cocaína no Brasil e na região”, diz nota da ONU no Brasil.

As medidas de lockdown relacionadas à Covid-19 permitiram às forças de segurança dedicar mais recursos à apreensão de drogas. Dessa forma, aumentou de forma acentuada o número de apreensões de algumas drogas ilícitas, como a cannabis.

Segundo a ONU, os dados sobre as apreensões de cocaína mostram que, após o início da pandemia, houve uma tendência crescente da droga nos estados do oeste do Brasil, enquanto se observa uma tendência decrescente nos estados a leste, à medida que os fluxos dos portos marítimos para fora do país diminuíram.

O Cocaine Insights ainda revela que as medidas relacionadas à Covid-19 dificultaram o deslocamento interno, pelo crime organizado, da cocaína importada em direção aos portos de saída e áreas de consumo.

“A pandemia impôs necessidades de adaptação às instituições de segurança pública no Brasil e prejudicou algumas atividades policiais, mas, inversamente, levou a medidas restritivas de deslocamento que facilitaram a interdição de drogas nas estradas”, completa a ONU. Confira o Cocaine Insights aqui.