São Paulo, 21 – A produção brasileira de café deste ano, em fase final de colheita, deve atingir 46,85 milhões de sacas. O resultado corresponde a uma diminuição de 25,7% em relação ao resultado da safra de 2020, que foi recorde de 63,08 milhões de sacas. Em comparação com o levantamento anterior, do fim de maio, quando a safra foi projetada em 49 milhões de sacas, houve uma queda de 4,4% (menos 2,15 milhões de sacas). Os dados fazem parte do 3º Levantamento da Safra 2021 do produto, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta terça-feira, 21.

Segundo a Conab, “além dos efeitos fisiológicos da bienalidade negativa, observados em diversas regiões produtoras neste ciclo, os motivos para a redução também incluem as condições climáticas adversas de seca em muitas localidades e as geadas, que ocorreram em junho e julho. Estes fatores influenciaram tanto para redução do rendimento médio como para a diminuição da área em produção”.

A área em produção, por sua vez, é atualmente estimada em 1,8 milhão de hectares, 4,4% menor que a safra anterior. O levantamento da Conab ocorreu em um momento em que mais de 95% das áreas plantadas já foram colhidas.

A produção de café arábica está estimada em 30,7 milhões de sacas, 36,9% a menos se comparado ao volume produzido na safra anterior. O conilon (robusta), por sua vez, deve alcançar uma produção de 16,15 milhões de sacas, o que indica um aumento de 12,8% sobre o resultado obtido em 2020.

A Conab explica que o café é uma das culturas que tem a característica da bienalidade. Isso significa que um ano a cultura produz um maior número de frutos, o que exige da planta mais nutrientes. “Em decorrência deste fato, no ano seguinte ela recompõe suas estruturas vegetais e reservas, reduzindo sua produção. Por causa da bienalidade negativa, os efeitos fisiológicos nas lavouras ficam mais latentes na fase de produção, especialmente para o café arábica, que é mais sensível a este fenômeno se comparado ao café conilon.”

Com relação aos Estados produtores, Minas Gerais deverá alcançar 21,4 milhões de sacas, uma redução de 38,1% em comparação a 2020. Já a estimativa de colheita para o Espírito Santo deve ser de pouco mais de 14 milhões de sacas, 11 milhões para conilon e 3 milhões para arábica. Em seguida vem o Estado de São Paulo, com produção estimada em 4 milhões de sacas de café arábica. Isso representa uma redução de 35,1%, em comparação à safra anterior, que chegou a pouco mais de 6 milhões de sacas.

A Bahia deverá produzir quase 3,5 milhões de sacas, 13% a mais que no ano de 2020. Rondônia vai colher quase 2,2 milhões de sacas, um decréscimo de 11,3%. No Paraná, a produção está estimada em quase 873 mil sacas de café. O Rio de Janeiro, por sua vez, tem produção esperada de 236 mil sacas, redução de 36,4%. Em Goiás serão 212 mil sacas, 14,4% a menos do que em 2020. Finalmente, Mato Grosso deverá produzir 194 mil sacas.

Diferentemente dos demais Estados, Mato Grosso representou um aumento de 22,6% em relação à safra anterior. “Isso se deve a uma mudança no sistema de produção do Estado, que passa por transformações, com o predomínio de novos materiais propagativos e maiores investimentos na cafeicultura estadual”, comenta a Conab.

Segundo a Conab, de janeiro a agosto de 2021, o Brasil exportou cerca de 28,4 milhões de sacas de 60 kg em equivalente de café verde, um aumento de 8,7%. Essas exportações tendem a continuar aquecidas em razão da valorização do café no mercado internacional e da taxa de câmbio elevada no Brasil.

“No entanto, há uma limitação na disponibilidade interna em razão da queda da produção de café em 2021”, destaca a estatal. Somado a este fator, há uma grande preocupação com a produção a ser colhida em 2022, em virtude da seca prolongada e da ocorrência de geadas neste inverno. “O cenário de incerteza quanto à oferta futura deixa muitos produtores retraídos e afastados do mercado, dosando a oferta de seus estoques diante da expectativa de preços mais atrativos no futuro. Além dos problemas climáticos sobre a produção, o patamar elevado das exportações acentua ainda mais a restrição da oferta interna e o aumento dos preços no mercado doméstico”, conclui a Conab.