A alta de 2,6% na produção industrial de setembro ante agosto foi puxada pela indústria automotiva, mas o avanço foi generalizado, conforme a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), divulgada nesta quarta-feira, 4, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na passagem de agosto para setembro, houve alta em 22 dos 26 ramos pesquisados pelo IBGE.

A produção de veículos automotores, reboques e carrocerias avançou 14,1% ante agosto, impulsionada pela continuidade do retorno à produção após a paralisação decorrente da pandemia. Segundo o IBGE, o setor acumulou expansão de 1.042,6% em cinco meses consecutivos de crescimento na produção, mas ainda assim se encontra 12,8% abaixo do patamar de fevereiro último, antes da covid-19 se abater sobre a economia.

Para André Macedo, gerente da PIM-PF do IBGE, para além da volta à normalidade do trabalho nas fábricas, que foram fechadas no início do período de isolamento social por causa da pandemia, há também efeitos da demanda sobre o desempenho da indústria automotiva.

“Os juros baixos têm ajudado a impulsionar as vendas no segmento. Os estoques estão normalizados, o que dá um entendimento de que está havendo canal de escoamento de vendas”, afirmou Macedo, em entrevista coletiva por teleconferência.

Segundo o pesquisador do IBGE, o fato de os estoques da indústria automotiva estarem normalizados indica que o movimento de recuperação poderá ter continuidade nos próximos meses.

“Mas temos uma série de gargalos da demanda, como o mercado de trabalho, que podem influenciar o comportamento mais à frente”, ponderou Macedo.

Conforme o IBGE, outras contribuições positivas relevantes para o avanço da indústria em fevereiro vieram de máquinas e equipamentos (12,6%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (16,5%), de couro, artigos para viagem e calçados (17,1%), de produtos alimentícios (1,2%), de metalurgia (3,5%), de produtos de minerais não-metálicos (4,2%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (5,9%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (6,2%), de celulose, papel e produtos de papel (3,7%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (5,9%), de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,0%) e de produtos de borracha e de material plástico (3,2%).

Na contramão, entre as quatro atividades que apontaram redução na produção na passagem de agosto para setembro, o destaque foi a indústria extrativa (-3,7%), que assinalou o principal impacto negativo – e interrompeu três meses de resultados positivos consecutivos e que acumularam expansão de 18,2%.