A indústria automobilística brasileira sofreu um tombo de 99% em sua produção de abril, atingida pela paralisação econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus, informou nesta sexta-feira (8), em um comunicado, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Segundo números da Anfavea, em abril, com quase todas as 65 fábricas paradas, foram produzidos apenas 1.847 veículos entre automóveis, veículos comerciais leves, caminhões e ônibus.

Comparando os números de abril com os de março, quando foram produzidas 189.958 unidades, a redução foi de 99%. Em comparação com abril de 2019, quando foram produzidos 267.561 veículos, a redução do mês passado foi de 99,4%.

Segundo a Anfavea, a produção do mês de abril é a mais baixa desde o início da série histórica da indústria automobilística, em 1957.

Abril foi o primeiro mês completo de aplicação das medidas de quarentena para tentar conter a pandemia, que até 7 de maio resultou em 135.106 contagiados e mais de 9.146 mortes no país.

Nos meses anteriores já havia uma queda na produção, quando a pandemia começou a paralisar a economia mundial e o Brasil tomou as primeiras medidas de proteção.

De janeiro a abril, 587.739 veículos saíram das fábricas, um número bem menor em comparação aos 965.408 produzidos no mesmo período do ano passado (queda de 39%).

“A queda abrupta da produção foi acompanhada de recuos igualmente dramáticos nas vendas ao mercado interno e nas exportações”, apontou a Anfavea.

Os licenciamentos de veículos novos, de 55,7 mil unidades, foram 76% menores que em abril de 2019, o pior resultado em 20 anos, segundo a organização.

Além disso, as exportações tiveram uma queda acentuada de 79,3% para autoveículos (o pior volume desde janeiro de 1997) e 62,1% para máquinas, na comparação com o mesmo mês do ano passado.

Das 65 fábricas de automóveis do país, 28 estão localizadas em São Paulo, o estado mais atingido pela COVID-19, com o maior percentual de contágios e mortes do país.

O governador de São Paulo, São Paulo, João Doria, prolongou as medidas de contenção nesta sexta-feira até 31 de maio, o que possibilita a abertura de apenas serviços essenciais, apesar das críticas do presidente Jair Bolsonaro.

O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, instou encontrar um ponto de conciliação entre essas duas posturas.

“Isso requer um compromisso coordenado de toda a sociedade e do Estado brasileiro, focado absolutamente na saúde e na economia. Não é hora do barulho político desviar a atenção do que realmente interessa à população brasileira em momentos de uma crise sem precedentes”, disse Moraes, citado no comunicado da Anfavea.