O uísque escocês pode ser tornar a mais nova vítima do aquecimento global. Segundo um grupo de destilarias, as fortes ondas de calor do último ano prejudicaram a fabricação da bebida e trouxeram prejuízos aos produtores. Em alguns casos, toda a produção do mês setembro precisou ser interrompida pela falta de água em rios e nascentes.

Somente a Glenfarclas, com fábrica próxima ao rio Spey, teve redução de 300 mil litros pelas condições atípicas do clima. Segundo o responsável pela marca, Callum Fraser, outras destilarias enfrentaram o mesmo problema.

Mais ao sul, perto de Pitlochry, a destilaria Edradour perdeu alguns dias de produção no ano passado por falta de água. Seu dono, Andrew Symington, disse que o rio vizinho à destilaria corre visivelmente menor a cada ano. A Edradour agora planeja instalar torres para captação e armazenamento de água.

Especialistas temem quem as mudanças climáticas do último ano não sejam um caso isolado. Nesta semana, agências ambientais se reunirão em Londres para debater o problema com representantes das companhias de distribuição de água.

Helen Gavin, pesquisadora do Instituto de Mudança Ambiental da Universidade de Oxford, disse que esses eventos extremos criam estresse no meio ambiente e na economia.

“Já existe um impacto”, disse ela. “Não são apenas verões quentes e secos, mas um clima estranho como o que acabamos de ter com temperaturas de – 18ºC em fevereiro, isso é simplesmente estranho. E isso atrapalha os ciclos biológicos e agrícolas.”

Isto tem um efeito cascata, acrescentou Gavin, que afeta primeiro o rendimento das colheitas, depois o custo de produção e, portanto, o preço pago pelos consumidores. “E isso significa que, se tirarmos mais água do meio ambiente para tentar economizar uísque, a colheita de um fazendeiro terá um custo enorme.”