Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) – A produção de suco de laranja do Brasil na safra 2021/22 foi estimada nesta sexta-feira em 820,5 mil toneladas, redução de cerca de 2% ante o ano anterior, configurando o menor patamar desde a temporada 2016/17, após uma safra em que tudo deu “errado” em termos climáticos, afirmou a associação de exportadores CitrusBR.

O número indica queda de cerca de 5% ante previsão anterior divulgada antes de ficarem mais claros os efeitos da seca e geadas que atingiram as lavouras em 2021 na principal região produtora, em São Paulo e Minas Gerais.

Além disso, o rendimento industrial da safra ficou abaixo das expectativas, o que deverá colaborar para um aperto na oferta de suco do maior produtor e exportador global até a próxima temporada (2022/23), que começa no segundo semestre do ano.

“Os efeitos climáticos amplamente divulgados ao longo da safra 2021/22, como seca prolongada e geadas, afetaram o processo de desenvolvimento e maturação dos frutos, impactando os níveis de acidez do suco produzido”, disse o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto.

“Em termos de ‘safra’, essa foi uma das piores de todos os tempos: o que poderia dar errado, deu”, afirmou ele, à Reuters.

O rendimento industrial foi afetado por vários fatores, entre eles um atraso de maturação da safra, geadas e, por fim, “ainda teve um período bem chuvoso nos últimos dois meses da safra que ajudou a ‘encher’ os frutos com um pouco mais de água e diluir os sólidos”, comentou Netto.

O resultado da menor produção são estoques de suco congelado e concentrado do Brasil (Fcoj equivalente a 66 brix) caminhando para um dos níveis mais baixos da história. Os volumes de passagem do ciclo 2021/22 devem somar 126,5 mil toneladas, menor patamar desde 2017.

Isso significa uma queda de cerca de 60% na comparação com os estoques finais da temporada anterior, segundo dados da associação.

Netto lembrou que o país teve duas safras pequenas em sequência, “o que apertou e muito a disponibilidade de fruta para processamento e, por consequência, a quantidade de suco produzido”.

Segundo ele, a demanda “certamente será afetada à medida que não haverá produto para atender totalmente o mercado até que a safra 2022/23 se torne disponível”.

“Tudo isso deverá ser precificado pelo mercado nos próximos meses”, afirmou ele.

Os preços do suco de laranja em Nova York tiveram uma máxima desde agosto de 2018 ao final do mês passado, a aproximadamente 1,61 dólar por libra-peso, antes de recuarem para patamar de 1,33 dólar, segundo as cotações mais recentes.

O Brasil exporta suco de laranja principalmente para a União Europeia, que responde por cerca de 65% dos embarques brasileiros, seguida pelos Estados Unidos, com aproximadamente 20%. Entre outros importantes importadores aparecem Japão e China, com cerca de 5% cada.

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