Em ritmo acima do previsto em sete a cada dez empresas, a indústria de produtos têxteis e de vestuário vem aumentando a produção em dois dígitos neste ano, conforme balanço apresentado nesta quinta-feira (8) pela Abit, associação que representa o setor. No segmento têxtil, a produção teve alta de 36,3% no acumulado de janeiro a maio frente a igual período de 2020, enquanto a de vestuário, na mesma base de comparação, subiu 36,6%.

Durante a apresentação do levantamento, o presidente da Abit, Fernando Pimentel, lembrou que a base de comparação é fraca, já que o comércio de vestuário e outros produtos do setor fechou entre abril e maio do ano passado. Mesmo assim, ele considerou o resultado positivo por confirmar a retomada. Pimentel destacou que em 12 meses a produção têxtil já mostra alta, de 15,6%, ao passo que a fabricação de vestuário segue em queda, porém de apenas 1,6%.

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O presidente da Abit observou que a pressão de custos segue incomodando a indústria. No entanto, ele pontuou que os aumentos nos preços das matérias-primas não estão sendo totalmente repassados ao consumidor, como indica o descolamento entre índices de preços no varejo e no atacado.

Os ganhos de produtividade e competitividade, disse Pimentel, vêm sendo divididos com o consumidor, o que explica por que o aumento dos preços dos insumos não é sentido em igual intensidade no varejo.

“O setor tem sido uma verdadeira âncora para o controle de inflação e preços mais estabilizados”, comentou Pimentel, ponderando, por outro lado, que os reajustes nas tarifas de energia trazem preocupação. O cenário mais provável, contudo, é de que não haja racionamento de energia. “Não estamos trabalhando com essa previsão”, disse Pimentel.

Conforme enquete feita pela Abit com associados, 73% das empresas do setor relatam produção acima do esperado neste ano. As previsões da associação para este ano indicam crescimento de 7,4% do volume de produção de manufaturas têxteis. O prognóstico no segmento de vestuário é de avanço de 13,6% no número de peças em 2021.

As projeções ainda não indicam recuperação completa do impacto da pandemia na indústria têxtil, porém Pimentel observou que o viés é de alta e a atividade pode surpreender a depender da evolução do controle da crise sanitária.