Como em qualquer profissão, há procuradores e procuradores. Mas aparentemente eles andam meio perdidos. Há aqueles que combinam acusações com os juízes (para a total surpresa de absolutamente ninguém). Há os que mesmo com um balde de evidências decidem não prosseguir com a denúncia (para total surpresa de zero pessoas – de novo). Na segunda-feira (25), foi a vez de Lindôra Araújo, a sub de Augusto Aras na Procuradoria-Geral da República (PGR), lançar mais uma das pérolas que envolvem MP-Judiciário brasileiro. Lindôra mandou o Supremo Tribunal Federal (STF) arquivar tudo o que a CPI da Covid produziu.

— “O que se extrai é que, embora o presidente da República Jair Messias Bolsonaro tenha reconhecido que, à época, não existiam estudos sólidos acerca da cloroquina e da hidroxicloroquina para fins de tratamento do vírus Sars-Cov-2, é certo que ele acreditava sinceramente que o uso desses fármacos auxiliaria no combate à doença, estando em curso vários estudos para a confirmação dessa eficácia, já à época defendida por inúmeros profissionais da área médica.”

Interessante uma pessoa no cargo dela dizer que alguém “acreditava sinceramente” em algo. Por esse racional, se eu “acreditar sinceramente” que dar um tiro na testa de alguém não mata eu não poderei ser denunciado por homicídio. Se isso cair em prova para se tornar promotor é pouco provável que aceitem a argumentação dela. No pacote atribuído a Bolsonaro e refutado por Lindôra, há crimes comuns, previstos no Código Penal; crimes de responsabilidade, previstos na Lei de Impeachment; e crimes contra a humanidade, previsto pelo Estatuto de Roma. Sete senadores da extinta CPI da Pandemia pediram na terça-feira (26) ao STF que investigue Lindôra. O que novamente vai dar em nada. Em resposta oficial, por meio de nota, a PGR afirmou que “reitera que, embora importantíssimo, o papel da CPI tem caráter político, já o Ministério Público tem sua atuação limitada pelos princípios que regem a atividade jurídica”. Então, tá. Nada de novo num país cujo primeiro ministro da Justiça foi um canalha contumaz, o corrupto desembargador Pero Borges, lá na metade dos anos 1500.

ELEIÇÕES 2022
Um recado vindo de Washington

Omar Havana

Como qualquer recado, ele pode ser lido como assertivo ou protocolar. Mas na quarta-feira (27) o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, conversou por 40 minutos com seu par brasileiro, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira. Disse que o governo Joe Biden espera que o Brasil mantenha a tradição de realizar eleições justas e transparentes neste ano. Nogueira teria defendido a atuação das Forças Armadas junto ao TSE e afirmado que elas foram convidadas para participar do processo eleitoral.

TERCEIRA VIA
MDB confirma candidatura de tebet

Ton Molina

Na quarta-feira (27), confirmou em convenção o nome da senadora Simone Tebet (MS) como candidata à Presidência. O partido vai para a disputa tendo Cidadania e PSDB juntos. Além de não ter visto sua popularidade decolar, (vide o último ‘datatoalha’, que mensura a popularidade dos candidatos pelo número de toalhas vendidas nas ruas) a emedebista ainda patina na escolha de um vice. Tá difícil, senadora.

+100.000 número de signatários da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito lançada terça-feira (26) na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, de São Paulo, com 3 mil assinaturas. Em menos de um dia já havia alcançado a marca dos 100 mil, incluindo 11 ex-ministros do STF

MUNDO
EUA aprovam pacotaço para indústria

Mandel Ngan / AFP

No robusto capitalismo americano, na hora do sufoco sempre há uma mão nada invisível salvadora. GM e Obama foi só um episódio. Direitos autorais sobre o Mickey, outro. Na quarta-feira (27), o Senado aprovou um pacotaço de US$ 280 bilhões de incentivo à indústria. A intenção é explícita: ajudar o país a enfrentar a China. A medida foi aprovada por 64 a 33, com 17 republicanos votando a favor. “Nenhum governo de nenhum país pode se dar ao luxo de ficar à margem”, disse o senador Chuck Schumer, democrata de Nova York e líder da maioria que ajudou a aprovar a medida. O presidente Joe Biden apoiava o pacote havia mais de um ano. O projeto prevê US$ 52 bilhões em subsídios e créditos fiscais para empresas que fabricam chips nos Estados Unidos e pelo menos US$ 200 bilhões para pesquisas científicas, especialmente em inteligência artificial, robótica e computação quântica.

GEORGES GOBET / AFP

“Inflação é tributação sem legislação” Milton Friedman (1912-2006) Economista, vencedor do Nobel de 1976

COMÉRCIO EXTERIOR
Japão registra déficit na balança comercial

Shuji Kajiyama

Depois de a Alemanha, quarta maior economia do mundo, registrar déficit na balança comercial em maio (o que não acontecia havia três décadas) foi a vez do Japão. A terceira maior economia do planeta mostrou que também anda patinando na relação entre exportações e importações. No fechamento do primeiro semestre, o déficit foi de US$ 58 bilhões, mesmo com as exportações de junho crescendo 15% e as importações caindo 38%. Segundo o Ministério da Economia do país, entre as principais causas está o aumento do preço do petróleo.

43% LULA X 58% BOLSONARO taxa de rejeição segundo a pesquisa Ipespe-XP realizada entre 20 e 22 de julho. A margem de erro é de 2,2 pontos

AUTO
Ford: transição em marcha

Bill Pugliano

Ficou claro o momento de transição que vive a icônica Ford. A companhia, que deixou o Brasil em janeiro do ano passado, depois de um século no País, anunciou seus resultados do segundo trimestre na quarta-feira (27). A receita semestral saltou 18,6%, de US$ 63 bilhões para US$ 74,7 bilhões. E apesar de o lucro líquido ter ficado negativo em US$ 2,4 bilhões (foi positivo em US$ 3,8 bilhões no mesmo período de 2021), a margem Ebit também saltou na casa dos dois dígitos (+20%), de US$ 5 bilhões para US$ 6 bilhões. “Estamos avançando com propósito e velocidade para o período mais promissor de crescimento da Ford”, disse o CEO Jim Farley. As ações encerraram o dia com alta de 5,18%. A partir do ano que vem a empresa vai divulgar os resultados separados em três grandes divisões: Ford Blue (negócio ligado ainda a veículos a combustão), Ford Model (elétricos) e Ford Pro (veículos comerciais).