O Banco Central reafirmou nesta quinta-feira, 26, por meio do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que “o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira tem avançado”. Ao mesmo tempo, o BC enfatizou que “perseverar nesse processo é essencial para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia”.

Estas ideias já haviam sido expressas pelo BC no comunicado do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgado na quarta-feira passada. Na ocasião, o colegiado reduziu a Selic de 6,00% para 5,50% ao ano.

Entre as reformas pretendidas pelo governo, a principal é a da Previdência, cujo projeto está atualmente em tramitação no Senado.

O RTI desta quinta-feira mostra que o Copom ressaltou ainda que “a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes”. “Em particular, o Comitê julga que avanços concretos nessa agenda são fundamentais para consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva”, acrescentou a instituição.

Frustração

O Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central voltou a destacar que, no cenário básico de inflação do colegiado, “permanecem fatores de risco em ambas as direções” – ou seja, de baixa e de alta da inflação.

Assim como registrado no comunicado da quarta-feira passada, quando o Copom reduziu a Selic, o colegiado afirmou no RTI desta quinta que, “por um lado, o nível de ociosidade elevado pode continuar produzindo trajetória prospectiva abaixo do esperado”.

Por outro lado, o BC pontuou que “uma eventual frustração em relação à continuidade das reformas e à perseverança nos ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária”.

Além disso, a instituição afirmou que este risco ligado às reformas “se intensifica no caso de deterioração do cenário externo para economias emergentes”.

Estas ponderações em relação aos riscos para a inflação também haviam sido feitas na ata do encontro do Copom. Elas trazem algumas alterações pontuais em relação ao registrado pelo BC nos documentos do encontro anterior do Copom, no fim de julho.

Na ocasião, a autarquia havia registrado que o risco ligado às reformas se intensifica “no caso de reversão do cenário benigno para economias emergentes”. Agora, a citação é quanto à “deterioração do cenário externo” para emergentes.

Outra mudança é que, no comunicado da semana passada, na ata e no RTI, o BC retirou a avaliação de que o risco ligado às reformas “ainda é preponderante”. Esta ideia constou na ata do encontro anterior. A exclusão ocorre após a aprovação, há algumas semanas, da reforma da Previdência na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado.