O secretário-geral da ONG Contas Abertas, Gil Castello Branco, avaliou que o governo colocou uma lata de querosene no problema da alta dos combustíveis quando, no ano passado, dobrou a alíquota do PIS/Cofins para aumentar a arrecadação e fechar as contas públicas.

Pelos cálculos da ONG, nos primeiros quatro meses do ano, a arrecadação desses tributos pelo governo federal foi quase 120% a mais do que no mesmo período de 2017.

Os dois tributos renderam aos cofres públicos R$ 19,8 bilhões entre janeiro e abril. “O governo fechou as contas do ano passado, mas como o cobertor fiscal é curto, ele cobriu os pés, mas uma parte do ficou de fora”, disse ao Broadcast/Estadão.

Segundo ele, uma solução simples que era a alta dos tributos acabou ampliando o problema. O especialista avaliou que a opção do governo em adotar medidas que diminuem os incentivos fiscais foi uma alternativa melhor do elevar tributos.

Gil Castello Branco alertou, no entanto, que o próximo governo terá que usar uma “tesoura bem mais afiada” para cortar os gastos tributários com incentivos e desonerações, que em 2018 devem chegar a R$ 228 bilhões.

O secretário-geral das Contas Abertas vê com preocupação a situação atual em que os candidatos ao Palácio do Planalto não discutem o problema e nem a reforma da Previdência. “Eles deveriam estar discutindo qual a reforma fazer e não se ela é necessária”, disse ele.