O principal opositor do Kremlin, Alexei Navalny, foi liberado depois de ter sido detido por alguns minutos nesta quinta-feira durante uma operação na sede de sua organização de combate à corrupção, relacionada, segundo ele, a uma recusa a abandonar uma investigação.

“Está livre, não está mais detido”, afirmou à AFP sua porta-voz Kira Iarmysh, que minutos antes havia anunciado que Alexei havia sido “detido à força e levado”.

“Escolheram a quinta-feira de propósito, porque Alexei deveria discursar hoje em seu canal na internet”, disse a porta-voz.

Pouco antes da detenção, o líder opositor de 43 anos divulgou um vídeo em que mostrava a porta da sede de sua organização, o Fundo de Luta contra a Corrupção (FBK), forçada com uma furadeira e uma serra elétrica.

“Tudo o que acontece é resultado de uma campanha contra o FBK. Isso complicará nosso trabalho, mas não vamos parar”, disse o oponente a repórteres nos corredores do prédio onde a organização está localizada.

Os investigadores apreenderam material, especialmente tecnologia da informação, da organização e de vários de seus colaboradores.

Os agentes da justiça confirmaram, por seu lado, à agência de imprensa pública Ria Novosti que as operações foram realizadas na sede do FBK “no âmbito de um processo criminal”, mas “sem detenções”.

Navalny, que foi levado para a prisão em várias ocasiões nos últimos anos, ironizou em um vídeo antes da detenção as novas operações e desejou, sorridente, um feliz ano novo aos espectadores ao lado dos integrantes de sua organização.

O Fundo de Luta contra a Corrupção, responsável por diversas investigações que denunciam fraudes e o modo de vida das elites russas, foi classificado este ano como “agente estrangeiro”, uma denominação introduzida por lei em 2012 para designar ima organização que recebe financiamento de outro país e que exerce “atividades políticas”.

Também foi alvo de duas ondas de operações em todo o país em setembro e outubro dentro de uma investigação aberta por “lavagem de dinheiro” e tem suas contas bancárias congeladas.

Na terça-feira e quarta-feira, Navalny denunciou nas redes sociais o “sequestro” de um de seus colaboradores, Ruslan Shavedinov, de 23 anos, detido após uma operação e enviado para o Ártico para cumprir o serviço militar de um ano.

Para os simpatizantes do opositor, a perseguição contra sua organização é políticas, pois as autoridades russas iniciaram uma investigação por “lavagem de dinheiro” justamente durante os protestos contra o Kremlin no meio do ano em Moscou.