O presidente dos EUA, Donald Trump, e seu rival democrata na disputa pela Casa Branca, Joe Biden, enfrentaram-se na terça-feira (29) no primeiro debate presidencial da campanha antes da eleição de 3 de novembro.

Uma equipe de verificação de fatos (“fact-checking”) da AFP examinou os temas-chave, em que ambos se chocaram:

– A eleição é vulnerável à fraude do voto por correio? –

Trump afirmou, falsamente, que o voto por correio pode implicar um nível de fraude “como nunca se viu”, e Biden rebateu: “Ninguém estabeleceu que há fraude em votos por correio”.

Em maio deste ano, Ellen Weintraub, da Comissão Eleitoral Federal (FEC, na sigla em inglês), disse no Twitter que “não há base para a teoria da conspiração de que o voto pelo correio pode levar à fraude”.

Em setembro, o diretor do FBI (a Polícia Federal americana), Christopher Wray, testemunhou perante uma comissão do Senado e afirmou que todas as ameaças relacionadas às eleições são levadas “a sério”.

“Não vimos, historicamente, qualquer tipo de esforço nacional coordenado para cometer fraude em uma grande eleição, seja por correio, ou de outra forma”, declarou Wray.

Max Feldman, um especialista eleitoral do Brennan Center for Justice, disse à AFP: “O voto pelo correio tem sido um componente seguro do nosso sistema eleitoral por muitos anos”.

– O equilíbrio econômico de Trump –

No debate, o presidente Trump afirmou que seu governo “construiu a melhor economia da história”, uma afirmação repetida à exaustão desde que chegou à Casa Branca. Isso é enganoso.

O balanço econômico do presidente foi prejudicado pela crise gerada pela pandemia da covid-19. As pesquisas continuam, porém, a construir uma imagem positiva, quando se pergunta aos eleitores em quem eles mais confiam para criar empregos e crescimento.

Isso se deve à imagem de Trump como empresário, ao corte de impostos e à alta nas Bolsas de valores, o que impulsiona as contas de aposentadoria.

O discurso de Trump sobre economia tende ao exagero e à hipérbole.

O Produto Interno Bruto e os números do emprego são os principais indicadores da saúde da economia. A favor de Trump, o desemprego atingiu o menor nível em 50 anos em dezembro de 2019, quando estava em 3,5%.

Entre 2017 e 2019, a economia criou 6,5 milhões de empregos, em comparação com os mais de oito milhões de empregos criados durante os primeiros três anos do governo Barack Obama.

A crise provocada pela pandemia pulverizou o mercado de trabalho e, em abril, a taxa de desemprego atingiu 14,7%. Em agosto, foi de 8,4%.

O ano da Presidência de Trump em que a economia atingiu o maior dinamismo foi 2018, quando a economia cresceu 3%.

Em 2015, o governo Obama alcançou um crescimento econômico de 3,1%. Em 2004 e 2005, durante o governo do presidente republicano George W. Bush, a economia cresceu 3,8% e 3,5%, respectivamente.

– Resposta de Trump ao coronavírus –

Biden acusou Trump de esconder o perigo do coronavírus. Isto é verdade.

Trump disse ao jornalista investigativo Bob Woodward em fevereiro de 2020 que o vírus era uma “coisa mortal”.

O presidente sabia que o vírus era perigoso, mas não admitiu essa ameaça em suas declarações públicas. Em vez disso, minimizou os riscos.

Em 27 de fevereiro, Trump disse que o risco para os americanos era “muito baixo” e que o número de casos ficaria próximo de zero. Então, em 9 de março, comparou a covid-19 à gripe comum.

Dez dias depois, disse a Woodward: “Sempre quis minimizar isso. Ainda gosto de minimizar, porque não quero criar pânico”.