Uma eleição com mais candidatos reeleitos do que eleitos pela primeira vez é o resultado que os analistas preveem para o primeiro turno das eleições municipais do Brasil, neste domingo, 15 de novembro.

É o que se espera que aconteça em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, onde o prefeito de centro Bruno Covas (Partido da Social Democracia Brasileira, 32%), lidera as intenções de voto, seguido por um empate técnico entre o candidato de esquerda Guilherme Boulos (Partido Socialismo e Liberdade, 13%) e o jornalista conservador Celso Russomano (Republicanos, 12%), favorito do presidente Jair Bolsonaro, conforme uma pesquisa do Ibope divulgada na segunda-feira (9).

“Não vai ser uma eleição de renovação”, afirma Débora Thomé, cientista política da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Felipe Nunes, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), concorda e afirma que as eleições municipais de domingo devem ocorrer sem surpresas.

O cientista político também destaca que, de acordo com as pesquisas eleitorais, a maioria das capitais irá para o segundo turno, previsto para 29 de novembro e necessário nos casos em que nenhum candidato obtenha a maioria absoluta, ou seja, mais da metade dos votos válidos.

Uma das exceções, diz Nunes, ocorrerá em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, onde se espera que o prefeito Alexandre Kalil (Partido Social Democrático, 62%) obtenha a vitória neste domingo.

“Será provavelmente o prefeito mais bem votado do Brasil. Provavelmente ganhará com uma votação expressiva, e isso vai cacifá-lo para o governo, dois anos depois”, afirmou Nunes.

Outra cidade para observar, acrescenta, será o Rio de Janeiro, onde Eduardo Paes, ex-prefeito e candidato do partido de centro-direita Democratas, lidera com 33% das intenções de voto, segundo o Ibope.

O atual prefeito e candidato de Bolsonaro, Marcelo Crivella (Republicanos, 15%) está em segundo lugar, e a deputada e ex-delegada Martha Rocha (PDT, 14%) em terceiro.

“Nós teremos uma disputa entre uma novidade, que é a Martha Rocha, e Paes. Acho que a crise política carioca pode dar a vitória a Marta Rocha”, avalia Nunes.

No Recife, capital de Pernambuco, Nunes também chama a atenção para a disputa diferencial protagonizada pelos herdeiros da política regional João Campos (PSB, 33%), filho do falecido ex-governador e candidato presidencial Eduardo Campos, e Marília Arraes (PT, 21%), prima de Eduardo Campos e neta do ex-governador Miguel Arraes.

Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, é outra cidade que Nunes acredita que chamará a atenção.

“É a eleição que coloca hoje a Manuela D’Ávila em primeiro lugar. É uma eleição bem interessante, porque ela é do PCdoB, que estava em baixa, e pode ser a prefeitura que vai salvar o partido”, opina o cientista político.

Ex-candidata à vice-presidência da República, Manuela liderava as intenções de voto com 27% no final de outubro, segundo o Ibope.

“De resto, será tudo igual. Esta é uma eleição de continuidade”, reafirma Nunes.