O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e seu colega irlandês, Leo Varadkar, disseram nesta quinta-feira (10) que veem um “caminho para um possível acordo” sobre o Brexit, apesar de permanecerem cautelosamente otimistas.

Varadkar considerou que é “possível” alcançar um acordo do Brexit antes do final do mês.

“Acredito que seja possível alcançarmos um acordo, que acertemos um tratado que permita ao Reino Unido abandonar a União Europa de forma ordenada até o fim de outubro”, afirmou Varadkar, advertindo, porém, que ainda pode haver algum contratempo na negociação.

A três semanas da data prevista para a saída britânica da União Europeia, os dois dirigentes consideraram que mantiveram uma “conversa construtiva” ao fim de uma reunião em Birkenhead, no noroeste da Inglaterra.

Antes do encontro, Varadkar tuitou várias fotos, nas quais os dois líderes apareciam sorridentes.

A reunião aconteceu na véspera de uma viagem do ministro britânico do Brexit, Steve Barclay, a Bruxelas, para se reunir com o negociador-chefe europeu, Michel Barnier.

O tempo urge: resta apenas uma semana antes de uma cúpula europeia crucial para evitar uma saída britânica sem acordo em 31 de outubro. Um Brexit nestas condições terá consequências caóticas para ambas as partes.

Londres e Bruxelas não conseguem entrar em um acordo sobre como evitar a reinstauração de uma fronteira física entre a província britânica da Irlanda do Norte e a vizinha República da Irlanda – país-membro da UE – que pode ameaçar o frágil acordo de paz da Sexta-Feira Santa. Foi somente em 1998 que três décadas de um sangrento conflito chegaram ao fim.

Os dois dirigentes continuam “acreditando que um acordo interessa a todos”, afirma a declaração publicada ao fim de um encontro em Birkenhead, perto de Liverpool.

– “Uma responsabilidade britânica” –

A principal patronal britânica, a CBI, pediu nesta quinta que ambas as partes “ponham toda sua energia em um compromisso”.

“Mantenham-se à mesa (de negociações) e cheguem a um acordo”, pediu a CBI em um comunicado.

Três anos depois do referendo de 2016, no qual o Brexit ganhou por 52% dos votos, a UE deu ao Executivo britânico até sexta-feira para que apresente uma proposta aceitável sobre a fronteira irlandesa.

Nesta quinta, o presidente francês, Emmanuel Macron, considerou que o Brexit é uma “crise interna britânica, não europeia”. Que tenha um acordo de saída da UE, um Brexit sem acordo, ou uma anulação do Brexit “é, no fim das contas, uma responsabilidade britânica”, afirmou.

– Segundo referendo –

Na falta de um acordo em 19 de outubro, uma lei britânica impõe ao premiê Boris Johnson pedir um novo adiamento, o terceiro, da data de saída da UE, apesar de ter dito que preferia estar “morto em uma vala” do que adiar o Brexit mais uma vez.

No contexto atual de crise política, novas eleições antecipadas parecem inevitáveis no Reino Unido.

Em um discurso pronunciado nesta quinta, o trabalhista Jeremy Corbyn, líder do principal partido da oposição, prometeu que, se chegar ao poder, obterá um acordo para o Brexit no prazo de três meses e irá apresentá-lo em uma consulta aos britânicos, junto com a possibilidade de permanecer na União Europeia.