O genro de Donald Trump, Jared Kushner, e um assessor do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, vão inaugurar nesta terça-feira (22) o primeiro voo comercial entre Israel e Marrocos, o quarto país do mundo árabe que anunciou este ano a normalização de suas relações com Israel.

“Amanhã, com orgulho, avançaremos nos acordos de Abraham [nome dos acordos de normalização] com o primeiro voo comercial direto da El Al de Israel para Marrocos”, disse Jared Kushner na tarde desta segunda-feira em Jerusalém, durante uma coletiva de imprensa junto com Netanyahu.

O genro do presidente cessante dos Estados Unidos e arquiteto do plano Trump para o Oriente Médio, duramente criticado pelos palestinos, agradeceu ao “amigo” rei Mohamed VI por ter feito do Marrocos o quarto país árabe (depois dos Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Sudão) a concordar em normalizar suas relações com Israel.

“50 mil israelenses acabaram de viajar para Dubai e o que está acontecendo lá é uma revolução porque os Emirados os receberam calorosamente […] e a mesma coisa vai acontecer agora em Rabat e Casablanca”, declarou Netanyahu.

Antes da pandemia, o Marrocos recebia todo ano entre 50 mil e 70 mil turistas, a maioria deles vindo indiretamente de Israel. O país tem centenas de milhares de judeus de origem marroquina e, no Marrocos, vive a maior comunidade judaica do Norte da África.

“Eles verão que esta paz entre os judeus e os árabes fora de Israel está criando uma dinâmica nova, positiva, entre os judeus e os árabes dentro de Israel”, afirmou Netanyahu, que informou ainda que seu assessor especial para segurança, Meir Ben Shabbat, estará no voo de terça.

Esse voo Tel Aviv-Rabat, que vai inaugurar a abertura de uma conexão aérea entre os dois países, será acompanhado da assinatura de vários acordos, segundo o programa.

Ao aceitar oficialmente a normalização de suas relações com Israel, o Marrocos conseguiu em troca que o presidente Trump reconheça sua “soberania” no Saara Ocidental, uma ex-colônia da Espanha em disputa há décadas com a Frente Polisário, grupo pró-independência apoiado pela Argélia.

O tratado também propõe a abertura de um consulado americano no Saara Ocidental e um programa de investimentos dos EUA – colossal segundo a imprensa marroquina -, a reabertura dos escritórios diplomáticos em Tel Aviv e Rabat e o desenvolvimento da cooperação econômica bilateral.

Os palestinos se opõem a esses acordos, acreditando que a normalização das relações entre Israel e o mundo árabe só deve acontecer depois de um acordo de paz entre israelenses e palestinos.