O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, cancelou a sua viagem a Israel para a cúpula dos quatro países do Grupo de Visegrado, assinalou neste domingo (17) à AFP a porta-voz do governo de Varsóvia.

Esta decisão foi tomada após a polêmica provocada pelos comentários atribuídos por meios de comunicação israelenses ao primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, sobre o papel dos poloneses no Holocausto.

“O primeiro-ministro Morawiecki informou ao primeiro-ministro Netanyahu, durante uma conversa por telefone, que a Polônia será representada na cúpula pelo ministro das Relações Exteriores, Jacek Czaputowicz”, disse Joanna Kopcinska, detalhando que a ligação foi feita a pedido do chefe de Governo israelense.

“Morawiecki assinalou na ligação que as questões da verdade histórica e do sacrifício que a Polônia fez durante a Segunda Guerra Mundial tinham, para o país, um valor fundamental”, acrescentou a porta-voz.

“Morawiecki mantém uma posição de princípios quando se trata de acusações contra o Estado polonês, a nação polonesa, por atos que não cometemos durante a Segunda Guerra Mundial”, declarou, por sua vez, Michal Dworczyk, chefe do gabinete do primeiro-ministro.

“Nos últimos dias, houve declarações na mídia acusando falsamente o Estado polonês”, lembrou. “Daí a decisão do primeiro-ministro”.

Segundo os meios de comunicação israelenses, entre eles o jornal Jerusalem Post, Haaretz e The Times of Israel, que participaram na quinta-feira de uma coletiva de imprensa com Netanyahu, à margem de uma conferência sobre o Oriente Médio em Varsóvia, ele teria falado “da colaboração” dos poloneses com os nazistas no Holocausto.

As declarações de Netanyahu, desmentidas desde então pela Embaixada de Israel em Varsóvia, provocaram indignação na Polônia e quase fazem fracassar a cúpula do Grupo de Visegrado (Polônia, Eslováquia, República Tcheca e Hungria), prevista para terça-feira em Jerusalém.