Por Elizabeth Piper e Kylie MacLellan e William James

LONDRES (Reuters) – O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, delineou nesta terça-feira planos para aumentar impostos para trabalhadores, empregadores e alguns investidores para tentar sanar uma crise de financiamento da saúde e da assistência social, revoltando integrantes do partido no poder ao romper com uma promessa de campanha.

Depois de gastar grandes quantias para combater a pandemia de Covid-19, Johnson está retomando um compromisso anterior de tratar do claudicante sistema de assistência social britânico, no qual se projeta que os custos dobrarão à medida que a população envelhece ao longo das próximas duas décadas.

Ele também age para confrontar obstáculos no sistema de saúde do país, que já forçou milhões a esperarem meses para receberem tratamentos do Serviço Nacional de Saúde estatal desde que os recursos foram redirecionados para cuidar das vítimas do coronavírus.

“Seria errado da minha parte dizer que conseguimos pagar por esta recuperação sem adotar as decisões difíceis, mas responsáveis, sobre como a financiamos”, disse Johnson ao Parlamento.

“Seria irresponsável arcar com os gastos dos empréstimos maiores e da dívida maior”, acrescentou, delineando aumentos de impostos que quebram uma promessa feita no manifesto eleitoral do Partido Conservador: não elevar tais taxas para financiar a assistência social.

Há anos políticos britânicos tentam encontrar uma maneira de custear a assistência social, mas sucessivos premiês conservadores e do Partido Trabalhista se esquivaram da tarefa por temerem que ela revolte os eleitores e seus próprios partidos.

Ignorando o descontentamento ruidoso em seu próprio partido, Johnson esboçou o que descreveu como uma nova taxa de saúde e assistência social, por meio da qual o índice dos impostos da Seguridade Social sobre a folha de pagamento recolhidos tanto de trabalhadores quanto de empregadores crescerá 1,25 ponto percentual, com um aumento igual aplicado ao imposto dos dividendos de acionistas.

O premiê disse que os aumentos arrecadariam 36 bilhões de libras ao longo de três anos.