São Paulo, 29 – Os vencedores da primeira edição do Prêmio Mulheres Rurais – Espanha Reconhece foram divulgados, nesta quinta-feira (28), pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). Coletivos de mulheres de Alagoas, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul foram os ganhadores do concurso, cujo objetivo é dar destaque às experiências que incentivem a autonomia econômica das mulheres rurais.

O Prêmio é promovido pela Embaixada da Espanha junto às representações no Brasil do IICA, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e da ONU Mulheres. O concurso recebeu 482 inscrições de coletivos de mulheres que trabalham pela autonomia econômica das produtoras.

O primeiro lugar ficou com o coletivo Mulheres em Ação de Jequiá da Praia, de Alagoas, com cerca de 50 mulheres envolvidas. O grupo articula um empreendimento sustentável voltado para a melhoria da qualidade de vida de pescadoras, marisqueiras e artesãs nas comunidades ribeirinhas. Uma de suas atividades é o reaproveitamento do resíduo do siri, que promove a segurança alimentar e tornou-se fonte de renda e referência no município. O projeto também contribui para despoluir a Lagoa de Jequiá por meio da coleta dos resíduos.

Em segundo lugar ficou a Associação Comunitária dos Produtores Panelinhenses (Ascoppa), de Miravânia (MG), com quase 10 mulheres envolvidas. Por meio da colheita de frutas e da produção artesanal de alimentos como sucos, queijo e doces, a Associação Comunitária fortalece a economia local e contribui para reduzir a insegurança alimentar de dezenas de famílias. Além da oportunidade de geração de renda, o empreendimento incentiva mudança de hábitos alimentares e promove práticas sustentáveis no reaproveitamento das sementes das frutas.

O terceiro colocado foi a Associação das Mulheres da Terra (Asmuter), de Terrenos (MT), com perto de 30 mulheres envolvidas. Com olhar inovador para a realidade do desperdício de alimentos durante a pandemia, o grupo Mulheres da Terra se uniu para discutir as possibilidades de transformar o desperdício de frutas, legumes e verduras que acontece no hortifrúti em oportunidade. A iniciativa virou fonte de renda para as mulheres engajadas no projeto e hoje conta com a participação de 20 famílias que trabalham para o reaproveitamento de alimentos.

Para as três vencedoras, a premiação consiste em valores destinados a melhorar o empreendimento. O primeiro lugar recebeu R$ 20 mil, o segundo, R$ 10 mil e o terceiro, R$ 5 mil.

Além dos recursos financeiros, a premiação inclui aos três primeiros colocados: acompanhamento e assistência técnica ao empreendimento por parte da Asbraer/rural commerce; um notebook HP; um ano de uso gratuito da Plataforma Rural E-commerce; um curso, na modalidade ensino a distância, voltado para o empoderamento pessoal e econômico das mulheres rurais – por parte da OEI; publicações técnicas das instituições promotoras relacionadas às questões de gênero; e certificado de reconhecimento internacional.

Sete coletivos finalistas receberam uma menção especial e terão direito a um curso, na modalidade ensino à distância, voltado para o empoderamento pessoal e econômico das mulheres rurais – por parte da OEI, um certificado de reconhecimento internacional e publicações técnicas das instituições promotoras relacionadas às questões de gênero, igual que todas as iniciativas válidas apresentadas.

Os coletivos são os seguintes: Rede Mães do Mangue (PA), Guardiãs do Cacau (PA), Sacolas Camponesas (PR), Mulheres do GAU – Agricultura e Culinária Orgânica (SP), Empório da Chaya (RJ) Mulheres quilombolas: luta e resistência no Quilombo Peropava (SP), Produção Artesanal de Azeite de Babaçu: Grupo de Mulheres e Extrativistas de Centro do Coroatá (MA).

Estima-se que as mulheres produzem cerca da metade dos alimentos e representam o 43% da mão de obra agrícola, mas ainda têm seu papel e importância negligenciados e estão fora dos principais espaços de decisão.