Os húngaros começaram a votar, neste sábado (18), nas primárias inéditas entre os candidatos da oposição, para formar uma frente comum contra o atual chefe de governo Viktor Orban nas legislativas de abril.

Após os resultados promissores nas municipais de 2019 e nas pesquisas favoráveis, seis partidos – da esquerda até os nacionalistas – decidiram se unir.

“Apesar das diferenças ideológicas”, o “tudo menos Orban” se impõe a outros critérios, estima o analista Daniel Mikecz, do ‘think tank’ Republikon.

Os diferentes partidos têm em comum sua rejeição ao primeiro-ministro soberanista de 58 anos e suas polêmicas posições sobre os migrantes e a comunidade LGBTQIA+, que o acusam de autoritarismo e corrupção.

As primárias, que ocorrerão até 26 de setembro, geram um “grande interesse” dos eleitores, segundo os organizadores.

De 4 a 10 de outubro acontecerá o segundo turno para decidir entre os três candidatos que liderarem os resultados.

Cinco candidatos estão na disputa e cerca de 100 representantes terão que ser eleitos para cada um dos distritos deste país da Europa central de 9,8 milhões de habitantes, governado desde 2010 pelo Fidesz de Orban.

Peter Jakab (41 anos), chefe do Jobbik, um partido com um passado de extrema direita, Gergely Karacsony (46 anos), o prefeito liberal e ambientalista da capital Budapeste, e a eurodeputada socialista Klara Dobrev (49 anos) são os favoritos.

Essas primárias são o resultado de um longo processo que começou em dezembro de 2020, quando os partidos representados no Parlamento assinaram uma declaração comum.

Nesse momento, defenderam um programa de governo, depois de se apresentarem separados contra o Fidesz nas três eleições anteriores.

Uma medida indispensável, já que Viktor Orban “mudou a lei eleitoral” quando chegou ao poder. “Antes, tínhamos um sistema de dois turnos”, explica Ferenc Gelencser, um dos candidatos na província.

Depois de várias reformas institucionais, o líder foi acusado de adaptar à sua conveniência os distritos e o sistema.

Diante da adversidade, a aliança deixou suas diferenças de lado.

“Durante essas semanas, a oposição vai falar de seus assuntos preferidos”, desde o combate à corrupção até a recuperação do Estado de Direito, segundo o analista Daniel Mikecz.

“Seja qual for o ganhador, eu o apoiarei”, disse Gyorgy Abelovszky, um eleitor de 67 anos, para quem esta aliança é uma boa ideia.

Para os apoiadores de Orban, no entanto, essa união é artificial e moralmente discutível.

O porta-voz do governo Zoltan Kovacs criticou em 2019 uma “aliança com a direita antissemita”, referindo-se ao passado do Jobbik, um partido que nos últimos anos tentou se virar para o centro.