Questionado por três vezes no Senado se o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, permanecerá no governo, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, defendeu o chefe da pasta, mas afirmou estar em “silêncio obsequioso” quando provocado a manifestar sua opinião sobre o futuro de Salles.

Ricardo Salles é alvo de pressão no cargo em função da política ambiental do governo. Além disso, o Brasil tem sido pressionado por investidores estrangeiros para reduzir o desmatamento da Amazônia. No Senado, Mourão destacou que qualquer decisão sobre o futuro de ministros no governo cabe ao presidente Jair Bolsonaro.

Nesta terça-feira, 14, Mourão foi chamado no Senado para falar das ações do governo no combate ao desmatamento na Amazônia. “Eu sou homem de governo. Eu permaneço, como diria Frei Boff, em silêncio obsequioso”, declarou o vice quando perguntado sobre Salles.

Ele fez referência a Leonardo Boff, teólogo punido pelo Vaticano nos anos 1980 e condenado ao “silêncio obsequioso”, tendo sido proibido de publicar suas ideias em razão de divergências teológicas com a cúpula da Igreja Católica. Boff é crítico ferrenho do governo Bolsonaro e aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em outro momento, na mesma audiência, Mourão declarou que o governo está “procurando colocar Salles em uma melhor posição do que ele vem tendo”. Logo no início, porém, o vice saiu em defesa do ministro. “O ministro tem cumprido todas as nossas orientações e tem sido um parceiro na busca das soluções e melhoria da nossa política ambiental e do combate às ilegalidades”, disse.