Medo. Ansiedade. Sobrecarga. Estresse. Esses são problemas comuns no ambiente corporativo de um país que cuidou mal de sua população durante a pandemia e onde há mais de 11 milhões de desempregados. Essas condições são um prato cheio para disparar o gatilho de doenças de pele. Trabalhadores sob pressão costumam enfrentar  queda de cabelo, acne, piora da dermatite atópica, agravamento da psoríase e a volta das manchas brancas de vitiligo. Tudo causado por devido problemas emocionais.

De acordo com dermatologistas, o estresse prejudica o equilíbrio do organismo e estimula reações do sistema neuroendócrino, afetando aspectos imunológicos das doenças da pele.

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“A pele e o sistema nervoso central têm a mesma origem embrionária, ambos advêm da ectoderme. A ectoderme é a camada mais externa de um embrião em desenvolvimento e que dá origem a epiderme e a seus anexos (pêlos, glândulas, entre outros) e ao sistema nervoso (cérebro, medula, nervos e gânglios nervosos). Por tal razão a pele apresenta uma íntima relação com as emoções como estresse, medo e ansiedade”, explica Alice Jaruche, médica dermatologista formada pela Universidade de São Paulo (USP) e especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

Algumas pessoas com pouca resiliência, sensíveis ao estresse, portadores de transtornos ansiosos e depressivos pioram muito diante da perda de liberdade, fobias, quadros de pânico e insônia. As somatizações na pele aumentam devido a relação entre a pele, o sistema nervoso e o psiquismo.

“Essas emoções estimulam a liberação hormonal do cortisol que desencadeia processo inflamatório na pele provocando piora de doenças, tais como vitiligo, psoríase, dermatite seborreica, dermatite atópica, alopecia areata entre outras”, afirma a dermatologista.

O que fazer?

A SBD orienta a população a investir em bons hábitos que vão ajudar a reduzir o estresse e prevenir alterações na pele, como prática de atividades físicas, ter um bom sono, se alimentar bem e ocupar a cabeça com atividades que causem prazer (desenhar ou realizar jardinagem, por exemplo).  Além disso, é importante ter uma rotina diária de cuidados com a pele – e para isso, por mais pesado e angustiante que seja o trabalho, sempre deve sobrar tempo, energia e vontade.

Segundo a SBD, o dermatologista deve desenvolver a melhor relação médico paciente com empatia, acolhimento, fornecendo ferramentas, terapias complementares e indicando, em alguns casos, o aconselhamento psicológico/psiquiátrico.

“O estresse normalmente não é um causador das doenças de pele, mas sim um agravante. Portanto, medidas para controle de estresse são fundamentais nos cuidados de doenças de pele e as mudanças de estilo de vida são as mais impactantes. Melhorar qualidade do sono, da alimentação, fazer atividade física, ter rotina de lazer e tempo para cuidar de si ajudam muito no processo. O tratamento da pele em cada doença é específico e deve ser norteado por um dermatologista”, finaliza Jaruche.