O presidente ucraniano esteve, nesta quinta-feira (8), no front do conflito com os separatistas pró-russos e recebeu o apoio de Berlim, que pediu ao Kremlin para reduzir sua presença militar na fronteira com a Ucrânia.

A chanceler Angela Merkel pediu ao presidente russo, Vladimir Putin, que retirasse suas tropas durante uma conversa por telefone. Um pedido ao qual Moscou não respondeu.

O chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, vestiu o uniforme militar, colete à prova de balas e máscara antivírus para passar em revista as tropas nas trincheiras da região de Lugansk, cenário de confrontos recentes, segundo imagens e um comunicado divulgado pela Presidência ucraniana.

“É uma honra para mim estar aqui”, disse ele, entregando condecorações aos soldados e elogiando o “heroísmo e dedicação” dos militares, mas sem renovar suas recentes acusações sobre as intenções belicosas da Rússia.

Kiev e o Ocidente criticaram nos últimos dias Moscou por ter concentrado tropas na fronteira ucraniana e na Crimeia – anexada pela Rússia -, enquanto os incidentes armados mortais com separatistas pró-russos são quase diários.

Nesta quinta-feira, mais um soldado ucraniano sucumbiu aos ferimentos, elevando para 25 o número de militares mortos desde o início do ano, segundo o Ministério da Defesa.

Em 2020, a Ucrânia perdeu 50 soldados na linha de frente, de acordo com a Presidência.

Essas tensões foram discutidas por telefone entre Vladimir Putin e Angela Merkel, cujo país é co-patrocinador com a França do processo de paz na Ucrânia.

– Advertência –

Merkel “pediu-lhe que reduzisse a presença militar russa no leste da Ucrânia” para permitir uma desescalada, enquanto Moscou garante que os movimentos de tropas não são ameaçadores.

Para Putin, é Kiev quem orquestra “provocações” para “piorar deliberadamente a situação” nas linhas de frente.

O representante de Moscou nas negociações de paz, Dmitri Kozak, alertou que a Rússia poderia “ir em defesa” dos separatistas no caso de uma grande operação militar ucraniana, citando a proteção da população local para a qual Moscou distribuiu passaportes russos.

Ele estimou ainda que a entrada da Ucrânia na Otan “será o início do colapso” do país, reagindo ao pedido de Kiev para acelerar sua adesão à organização para enviar um “sinal” a Moscou.

A possível adesão da Ucrânia à Aliança Atlântica tem sido uma linha vermelha para a Rússia há muitos anos.

Apesar dessas tensões, Kozak anunciou negociações entre Kiev, Moscou, Berlim e Paris a nível de conselheiros políticos em 19 de abril.

Por sua vez, o Pentágono anunciou na semana passada que as forças americanas na Europa aumentaram seus níveis de alerta após “as recentes escaladas da agressão russa no leste da Ucrânia”. E o presidente Joe Biden garantiu a Zelensky seu apoio “inabalável”.

A guerra em Donbass começou em abril de 2014, na esteira de uma revolução pró-Ocidente na Ucrânia que também resultou na anexação da península da Crimeia por Moscou.

Este conflito deixou mais de 13.000 mortos e quase 1,5 milhão de deslocados.

A intensidade dos combates diminuiu amplamente após os acordos de paz de Minsk alcançados no início de 2015, mas o processo político não está avançando.

Para o Ocidente e Kiev, o apoio político, militar e financeiro da Rússia aos separatistas é óbvio, apesar das repetidas negações de Moscou.