O presidente do Irã, Hassan Rohani, questionou nesta quarta-feira a independência da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), depois que o organismo aprovou uma resolução que adverte o país por sua recusa a autorizar a inspeção de locais considerados suspeitos.

A resolução, aprovada na sexta-feira e apresentada por Alemanha, França e Reino Unido, é o primeiro texto crítico ao Irã desde 2012.

A resolução pede à República Islâmica que autorize a presença de inspetores da AIEA em dois locais, para estabelecer se o Irã organizou atividades nucleares não declaradas no início dos anos 2000.

Para Rohani, “o regime sionista (Israel) e os americanos exercem pressão sobre o organismo para investigar sobre algo que aconteceu há 20, 18 anos. Manipulam o organismo e induzem ao erro”.

“O organismo deve ser capaz de manter sua independência”, declarou, antes de prometer que o Irã continuará cooperando com a AIEA durante as “inspeções legais”.

A afirmação aconteceu durante uma reunião de governo exibida pela televisão.

As inspeções ocorrem sem impedimentos nas instalações nucleares onde a República Islâmica executa atualmente atividades de enriquecimento de urânio. Mas enfrentam a resistência do Irã em dois locais mais antigos, em tese abandonados.

França, Reino Unido e Alemanha “se sujaram sem motivo” ao cooperar no texto com Israel e Estados Unidos, acusou Rohani, que celebrou a decisão de China e Rússia de votar contra a resolução.

No momento, a adoção do texto tem sobretudo um caráter simbólico, mas pode ser o primeiro passo de uma transferência do caso ao Conselho de Segurança da ONU.

A inspeção de locais nucleares iranianos pela AIEA é um elemento chave da cooperação e do acordo internacional de 2015, do qual o governo dos Estados Unidos se retirou unilateralmente em maio de 2018.