O presidente francês, Emmanuel Macron, chegou neste sábado (5) em Jidá, na costa oeste da Arábia Saudita, para discutir com o príncipe herdeiro Mohammad bin Salman a “estabilidade” no Oriente Médio e a situação no Líbano.

O homem forte do reino recebeu o francês no início da tarde no palácio real da grande cidade portuária saudita. Depois de uma reunião, eles devem almoçar juntos.

Macron é um dos primeiros líderes ocidentais a se encontrar com Mohammad bin Salman desde o assassinato em 2018 do jornalista saudita Jamal Khashoggi no consulado de seu país em Istambul. A imagem do príncipe herdeiro foi fortemente manchada por este caso.

O chefe de Estado francês justificou este encontro julgando necessário um diálogo com a Arábia Saudita, “o primeiro país do Golfo em termos de dimensão”, para poder “trabalhar pela estabilidade da região”.

Mas isso “não quer dizer que sejamos complacentes”, garantiu, aludindo a este assassinato.

Com o príncipe herdeiro saudita, deve discutir a situação no Líbano, onde a crise econômica foi agravada pela disputa diplomática aberta em outubro com vários Estados do Golfo, entre os quais a Arábia Saudita, que congelou suas importações.

Ele pretende aproveitar a renúncia, anunciada na sexta-feira, do ministro libanês da Informação George Kordahi, na origem da crise por ter criticado a intervenção militar de Riade no Iêmen.

Elogiando essa renúncia, Macron expressou sua esperança de “reengajar todos os países do Golfo na relação com o Líbano”.

Há um ano, e depois da explosão mortal no porto de Beirute, Macron está comprometido em ajudar o Líbano a sair da pior crise socioeconômica de sua história.

As relações entre Beirute e os Estados árabes do Golfo se tornaram tensas nos últimos anos devido à crescente influência do Hezbollah pró-iraniano.

“A França tem um papel a desempenhar na região (…) mas como trabalhar pela estabilidade da região, como lidar com o Líbano e lidar com tantos assuntos enquanto ignora o primeiro país do Golfo em termos de geografia e de tamanho”, ressaltou o presidente francês.

Macron chegou a Jidá, de onde partirá à tarde, no segundo dia de uma viagem pelo Golfo que o levou a encontrar os outros dois homens fortes da região: o príncipe herdeiro de Abu Dhabi Mohammad bin Zayed Al -Nahyan e o emir do Catar o xeque Tamim bin Hamad Al-Thani.

A escala em Dubai possibilitou a assinatura de um acordo histórico para a aquisição pelos Emirados de 80 caças Rafale – pedido recorde do caça que entrou em serviço em 2004 – por 14 bilhões de euros.

Outros contratos militares (helicópteros e armamentos) elevaram o total a 17 bilhões.

Em Doha, Macron agradeceu ao Catar por ter organizado a retirada de 258 afegãos, “ameaçados por causa dos seus compromissos” ou “pelas suas ligações com a França”, que serão repatriados para a França depois de passarem pelo emirado.

Paralelamente a esta viagem presidencial, foi apresentada na sexta-feira em Paris uma denúncia contra os príncipes herdeiros da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, em particular pelo financiamento do terrorismo.

Os queixosos, vítimas da guerra do Iêmen, acusam os dois países de terem feito uma “aliança” com o grupo extremista Al-Qaeda, segundo seu advogado Joseph Breham.

A Arábia Saudita, aliada dos Estados Unidos, intervém no Iêmen desde 2015 à frente de uma coalizão militar de apoio ao governo contra os rebeldes houthis, apoiados politicamente pelo Irã.

Os Emirados retiraram suas tropas do Iêmen em 2019, mas permanecem membros da coalizão.