O presidente francês, Emmanuel Macron, em tom conciliador, apoiou nesta quinta-feira a ideia de desenvolver novas discussões durante um mês para encontrar uma solução para o Brexit, em uma reunião em Paris com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

Em linha com a chanceler alemã Angela Merkel, Macron concordou em tentar encontrar uma solução para a questão da fronteira irlandesa, que bloqueia as negociações desde 2017.

“Eu quero um acordo!”, afirmou Johnson ao chegar ao palácio do Eliseu para um segundo round de sua primeira viagem ao exterior desde que assumiu o cargo em julho. “Acredito que podemos chegar a um acordo e, a um bom acordo” para um Brexit em 31 de outubro, insistiu.

Ao seu lado, Macron foi mais cauteloso, mas afirmou que “está confiante de que nos próximos 30 dias” uma solução pode ser alcançada entre Londres e os 27.

Nesta quinta-feira, no entanto, Merkel esclareceu que sua declaração indicou que o Reino Unido tem até 31 de outubro para evitar um Brexit sem acordo, e não um limite de 30 dias, como interpretado no dia anterior.

“Eu disse que eles querem fazer isso em dois ou três anos, mas podem fazer em 30 dias […] ou melhor, eu poderia dizer: podem fazer isso antes de 31 de outubro”, declarou Merkel em coletiva de imprensa em Haia juntamente com o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte.

Definir os instrumentos para atingir esse cenário ocupou a maior parte do almoço entre Macron e Johnson, que vão se reunir novamente no sábado, na cúpula do G7 em Biarritz (sudoeste da França).

Macron lembrou que tem sido frequentemente descrito, especialmente pela imprensa britânica, “como o mais duro” da União Europeia (UE) em relação ao Brexit. É “porque sempre disse muito claramente: há uma decisão tomada (pelos britânicos), então não faz sentido tentar não aplicá-la”.

No entanto, insistiu: “como a chanceler Merkel, confio que a inteligência coletiva e nossa disposição construtiva devem nos permitir encontrar algo lúcido dentro de 30 dias se houver boa vontade de ambos os lados”.

As discussões sobre uma saída negociada do Reino Unido do bloco esbarram no mecanismo chamado “salvaguarda irlandesa”, previsto no acordo concluído por Londres e pela União Europeia (UE).

Este dispositivo procura garantir que, se não for encontrada uma solução melhor, não volte a se instalar uma fronteira física entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda.

O mecanismo teria como consequência a manutenção do conjunto do Reino Unido na união aduaneira com os países da UE até que as duas partes encontrem uma solução para definir sua futura relação pós-Brexit, em um prazo de cerca de dois anos.