O presidente do Kosovo, Hashim Thaçi, chegou nesta segunda-feira (13) a Haia para depor perante a justiça internacional sobre as acusações de crimes de guerra durante o conflito com a Sérvia (1998-99).

“Ninguém pode reescrever a história”, declarou Thaçi à imprensa diante do tribunal. “Estou disposto a enfrentar o novo desafio e a ganhar, por meu filho, minha família, meu povo e meu país”.

De acordo com o procedimento, um juiz deve examinar essas acusações para decidir se deve confirmá-las e acusar Thaçi oficialmente.

Durante o conflito, Hashim Thaçi foi um dos líderes da guerrilha independentista, o Exército de Libertação de Kosovo (UCK), que lutou contra as forças sérvias.

A justiça internacional acusa Thaçi, seu aliado político Kadri Veseli e outras pessoas de serem “responsáveis por quase 100 assassinatos”, desaparecimentos forçados, perseguições e torturas de sérvios, ciganos e albaneses do Kosovo.

Os promotores explicaram que relataram publicamente as acusações porque Hashim Thaçi e outros suspeitos estavam tentando impedir o trabalho do tribunal, uma instituição sob as leis de Kosovo, mas que conta com juízes internacionais.

A guerra do Kosovo entre as forças sérvias e a guerrilha separatista albanesa do Kosovo causou mais de 13.000 mortes, em sua maioria albaneses. Terminou quando uma campanha ocidental de bombardeios obrigou a retirada das forças sérvias.

Na quarta-feira passada, Thaçi declarou que iria ao tribunal especial e lembrou no Facebook que “nos últimos dois anos, muitos ex-membros do UCK […] foram ouvidos” em Haia.

No final de junho, declarou que renunciaria “imediatamente” se as acusações fossem confirmadas.

Kosovo, ex-província sérvia de maioria albanesa, declarou sua independência em 2008, que permanece sem ser reconhecida por parte de Belgrado.

Inúmeros ex-comandantes da guerrilha, como Thaçi, dominaram a vida política de Kosovo durante sua primeira década de independência. Hashim Thaçi foi primeiro-ministro e é presidente desde 2016.