O presidente iraniano, Hassan Rohani, apresentou ao Parlamento, neste domingo (8), um “orçamento de resistência” para enfrentar as sanções econômicas asfixiantes dos Estados Unidos.

O orçamento apresentado é de cerca de 33 bilhões de euros (US$ 37 bilhões, considerando-se o câmbio no mercado livre) e inclui um “investimento” russo de 5 bilhões de dólares que está em curso.

O orçamento tem como objetivo “reduzir as dificuldades” dos iranianos, em um país mergulhado em uma grave crise econômica. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que, em 2019, o PIB iraniano cairá 9,5%.

Além disso, a divisa nacional, o rial, despencou, gerando uma espiral inflacionária de 40% anual.

“No próximo ano, assim como durante este ano, nosso orçamento será um orçamento de resistência e de perseverança contra as sanções”, afirmou Rohani em declarações divulgadas pela rádio estatal.

“Este orçamento anuncia para o mundo que, apesar das sanções, estaremos em condições de administrar o país, particularmente no domínio petroleiro”, acrescentou Rohani, cujo país é membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

Neste domingo, no discurso no Parlamento, Rohani também anunciou um aumento de 15% para o funcionalismo público.

“Sabemos que este regime de sanções (…) põe a população à prova. Sabemos que seu poder aquisitivo diminuiu”, admitiu Rohani no Parlamento.

“Nossas exportações, nossas importações, as transferências de dinheiros, o câmbio encontram muitas dificuldades”, frisou, acrescentando que, apesar das sanções, os setores da economia não vinculados ao petróleo terão balanço “positivo” este ano.

“Ao contrário do que os americanos pensam (…) escolhemos o caminho correto e continuamos avançando”, garantiu.

Em 2018, os Estados Unidos se retiraram unilateralmente do acordo sobre o programa nuclear do Irã firmado em 2018 e restabeleceram duras sanções econômicas. A medida afundou o país em uma forte recessão.

O projeto de orçamento, cujo exercício começa no final de março de 2020, foi anunciado semanas depois de um forte aumento do preço da gasolina, o que provocou manifestações duramente reprimidas em meados de novembro.

Rohani justificou esse aumento da gasolina, alegando que o Estado não tinha outra solução para ajudar as “famílias de renda média e baixa que sofrem com a situação econômica criada pelas sanções” americanas.

A ONG de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional afirma que pelo menos 208 pessoas morreram pela repressão da polícia aos protestos e que o número de vítimas pode ser maior.

Até o momento, o governo confirmou a morte de cinco pessoas – quatro membros das forças de segurança e um civil – e classificou de “mentiras absolutas” os números divulgados por “grupos hostis” a Teerã.