Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa

FRANKFURT (Reuters) – O presidente do Bundesbank (banco central alemão), Jens Weidmann, um crítico implacável da política monetária ultra-acomodatícia do Banco Central Europeu (BCE), vai deixar o cargo mais de cinco anos antes do previsto, abrindo a porta para o novo governo da Alemanha escolher um sucessor menos conflituoso.

Weidmann disse que deixaria o posto por motivos pessoais em 31 de dezembro, poucos dias depois de o BCE tomar uma decisão crucial sobre o fim do estímulo da era pandêmica que reanimou o crescimento, mas também empurrou a inflação para a taxa mais alta em mais de uma década.

Entre os membros mais conservadores do Conselho de Governança do BCE, Weidmann muitas vezes se viu em oposição a outros formuladores de política monetária, até desafiando a ferramenta do BCE projetada para colocar em prática a promessa feita em 2012 pelo então presidente do BCE, Mario Draghi, de fazer “o que for preciso” para salvar o euro.

Mesmo ao anunciar sua saída, Weidmann –terceiro presidente sucessivo do Bundesbank a renunciar mais cedo– alertou sobre os riscos de inflação. “Será crucial não olhar unilateralmente para os riscos deflacionários, mas também não perder de vista os potenciais perigos inflacionários”, disse ele em mensagem à equipe.

Weidmann, ex-assessor econômico da chanceler Angela Merkel, terá seu sucessor escolhido pelo novo governo alemão, provavelmente uma coalizão de esquerda liderada pelo atual ministro das Finanças, Olaf Scholz.

A mudança de governo também pode significar uma política fiscal mais frouxa nos próximos anos, sugerindo que o conservador Weidmann também pode se encontrar em oposição mais frequente ao seu próprio governo.

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