Roch Marc Christian Kaboré, presidente de Burkina Faso derrubado na segunda-feira (24) por um golpe militar, está “bem fisicamente” – informou um liderança de seu partido político, que relatou as circunstâncias em que se viu forçado a deixar o poder.

“O presidente Kaboré está bem fisicamente, mas não posso dizer-lhes nada sobre seu estado de ânimo (…). E conta com um médico à sua disposição”, disse um líder proeminente do Movimento do Povo para o Progresso (MPP).

Kaboré continua “ainda nas mãos do Exército, mas não em um acampamento militar, e sim em uma residência presidencial sob prisão domiciliar”, afirmou, acrescentando que tem “acesso ao seu telefone celular, sob estrita vigilância de seus captores, é claro”.

“Na verdade, foi ele que escreveu a carta de renúncia transmitida em rede nacional, mas não posso dizer sob quais circunstâncias fez isso”, completou a mesma fonte.

Mais tarde, o mesmo político relatou os eventos ocorridos antes de Kaboré escrever sua carta de demissão.

“Não foi detido nas primeiras horas” do motim militar, esclareceu.

“Sua residência particular foi cercada, então sua guarda pessoal teve que aplicar uma estratégia para poder retirá-lo em um veículo sem identificação para levá-lo para um local seguro”, explicou a mesma fonte.

Pouco antes do anúncio do golpe, em um momento em que o destino de Kaboré não era claro, na segunda-feira, após dois dias de motim nos quartéis, o MPP denunciou, em um comunicado, que houve “uma tentativa frustrada de assassinato” contra o presidente.

Roch Marc Christian Kaboré foi deposto por soldados liderados pelo tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba. Este militar está à frente da junta autodenominada Movimento Patriótico para Salvaguarda e Restauração (MPSR), que tomou o poder neste país africano, fortemente afetado pela violência jihadista.