O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu ao presidente Jair Bolsonaro a importância do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, durante reunião no Palácio do Planalto na manhã desta quarta-feira, 2. Ele classificou o acordo como “essencial” e disse que é preciso agir com pragmatismo na relação entre países para fechar também acordos multilaterais.

“Sabe-se que um acordo entre dois conjuntos de países supõe que dentro de cada conjunto de países haja uma convergência total. É nisso que estamos a trabalhar. Na parte que depende de Portugal é que na União Europeia, quem, por ventura, tenha levantado problemas não levante estes problemas de tal forma que impeça um acordo que é essencial para a União Europeia e o Mercosul”, disse Rebelo à imprensa após o encontro.

Ao ser questionado sobre a postura de Bolsonaro de priorizar acordos bilaterais, o presidente de Portugal disse que o pragmatismo obriga a realização de acordos multilaterais para melhorar a economia. “A posição portuguesa é a seguinte: independente das posições de política externa de cada país, o pragmatismo obriga que é útil que, além das relações bilaterais, também haja instrumentos de acordos multilaterais, que mesmo sem conteúdo ideológico, mesmo sem debate doutrinário, possam facilitar as exportações, o comércio, a circulação econômica e financeira. E neste ponto o pragmatismo é importante nas relações entre países”, declarou.

Ontem, no Itamaraty, Rebelo já havia afirmado que está trabalhando pessoalmente em um acordo entre o Mercosul e a União Europeia. “Portugal está trabalhando em um acordo entre Mercosul e União Europeia. Bilateralmente temos muito em comum: energia, digital, turismo, novas tecnologias, ciências. Estamos trabalhando e podemos fazer muito mais para o futuro”, afirmou, em entrevista a jornalistas. “Estamos na primeira linha da cooperação e da construção conjunta de laços.”

Em novembro, após a eleição de Bolsonaro, o presidente francês Emmanuel Macron, disse que o Brasil passou por uma mudança política e que é contra assinar acordos comerciais amplos com países que não respeitam o Acordo de Paris, no qual os países se comprometem a agir contra as mudanças climáticas. Bolsonaro já disse que o Brasil pode abandonar o acordo.