A Kroton Educacional avalia que o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) perdeu relevância do ponto de vista do negócio devido à substancial queda no número de vagas ofertadas , disse nesta segunda-feira, 11, o presidente da companhia, Rodrigo Galindo, reconhecendo, contudo, que o programa ainda é uma política pública importante.

“Por conta da menor oferta de vagas, o programa perdeu o valor na geração de retorno para a companhia, mas continuamos apostando nele porque acreditamos que é algo importante para o País”, afirmou.

Segundo Galindo, o orçamento da companhia prevê que apenas 1% da captação de novos alunos em 2018 virá por meio do programa de financiamento estudantil Fies. Considerando apenas o segmento de graduação presencial, esse porcentual é de 3%.

A jornalistas em São Paulo, o executivo afirmou que a projeção leva em conta apenas as vagas esperadas para a modalidade Fies 1, que ofertará 100 mil vagas e tem garantia de fundo garantidor.

A companhia não levou em conta a possibilidade de oferta de vagas nas outras modalidades Fies 2 e Fies 3, que têm como fonte de recursos respectivamente fundos constitucionais regionais e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os fundos regionais de desenvolvimento das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Questionado sobre as modalidades 2 e 3 do Fies, Galindo considerou que ainda há incertezas sobre como elas serão viabilizadas e por isso não foram consideradas no planejamento da companhia.

Reforma trabalhista

A Kroton afirmou que não vai forçar a rotatividade de seus profissionais (turnover) depois da aprovação da reforma trabalhista, conforme disse Galindo. Ele declarou que a companhia pode capturar alguns ganhos em razão de medidas possibilitadas pela reforma.

A Estácio promoveu, ao fim do segundo semestre letivo de 2017, uma reorganização em sua base de docentes, com desligamento de profissionais.

Questionado, Galindo não comentou sobre a Estácio, mas afirmou que a companhia “não tem nos planos nenhum movimento diferente do normal” com relação à gestão de sua base de colaboradores.

A respeito da reforma trabalhista, Galindo afirmou que é possível que as novas leis gerem ganhos a partir do momento em que passa a ser possível entrar em acordo com sindicatos sobre práticas que antes não eram permitidas. Ele citou como exemplo professores que lecionam à noite e que ficavam impossibilitados de entrar em sala de aula na manhã seguinte. De acordo com ele, há profissionais que gostariam de cumprir as duas rotinas (manhã e noite) e esse é um ponto que pode ser acordado.

Apesar de considerar que há ganhos possíveis, o diretor de Recursos Humanos da companhia, Fábio Lacerda, afirmou que ainda há dúvidas sobre como vai ser a implementação das novas regras. De acordo com ele, a empresa prevê alguns benefícios, mas tem adotado uma postura conservadora.

Ensino a distância

A Kroton acredita que tem um potencial para chegar a uma rede de 2.900 polos de ensino a distância no longo prazo, afirmou ou vice-presidente de Ensino a Distância da companhia, Roberto Valério.

A companhia prevê em 2017 a abertura de 200 polos de ensino a distância, o limite máximo para a companhia por ano permitido pela regulação do setor. Este ano, um novo decreto tornou mais fácil a abertura de polos de EAD, que não precisam de autorização prévia. O número de aberturas por ano fica limitado apenas pela nota das instituições de ensino junto ao Ministério da Educação e pelo número de instituições credenciadas para o EAD no grupo.

De acordo com Valério, com os 2.900 polos de potencial no longo prazo, a Kroton estaria presente em municípios suficientes para atingir 93% da população com 17 anos ou mais e com ensino médio completo.

Os planos de abertura de novos polos de EAD dependem ainda de a companhia obter credenciamentos para essa modalidade. Hoje, a Kroton tem duas instituições credenciadas no EAD: a Unopar e a Uniderp. Segundo Valério, a empresa está iniciando processos para credenciar outros sete centros universitários para oferecer EAD.