O presidente da CPI do BNDES na Câmara, Marcos Rotta (PMDB-AM), negou  nesta sexta-feira, 27, pedido dos advogados do pecuarista José Carlos  Bumlai para dispensar seu cliente do depoimento marcado para a próxima  terça-feira, 1º de dezembro. A defesa do empresário enviou ofício hoje  ao peemedebista afirmando que o empresário usará o direito  constitucional de permanecer calado durante a oitiva e alegando que, por  isso, sua ida a Brasília por conta da Câmara apenas trará gastos  ”desnecessários” aos cofres públicos, sem contribuir para os trabalhos  da CPI. Ofício semelhante foi enviado pela defesa ao juiz federal Sérgio  Moro, que decretou a prisão dele.

Bumlai foi preso  preventivamente na última terça-feira, 24, na 21ª fase da Operação Lava  Jato. Ele foi detido em um hotel em Brasília, horas antes do depoimento  que prestaria à CPI do BNDES. Na ocasião, o juiz federal Sérgio Moro  pediu desculpas ao presidente do colegiado pela coincidência e colocou o  pecuarista à disposição da CPI para que fosse ouvido a partir da  próxima semana. O depoimento, então, foi remarcado para terça-feira.  Amigo do ex-presidente Lula, o pecuarista é acusado de intermediar  empréstimo para o PT com o Banco Schahin e de contrair e não pagar  empréstimos com o BNDES.

“Em que pede o adiamento da  tomada de seu depoimento, o peticionário, entendendo que sua posição  atual é efetivamente de investigado, já adianta que exercerá seu direito  constitucional de permanecer calado diante das perguntas dos deputados,  pois se reservará a prestar os esclarecimentos necessários em juízo”,  afirmam os advogados. Como mostrou mais cedo o Broadcast Político,  serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o juiz Sérgio Moro  intimou a Polícia Federal para que ouça Bumlai até a próxima  segunda-feira, 30, “diante do desejo manifestado pelo investigado de que  seja ele inquirido sobre o objeto da investigação”.

“Diante  do exposto e ressaltando que o peticionário exercerá seu direito  constitucional de permanecer em silêncio, é a presente para requerer a  dispensa de seu comparecimento perante à essa Comissão Parlamentar de  Inquérito, especialmente para evitar custos e esforços desnecessários à  administração pública”, escreveu a defesa. O medo dos advogados é de que  o pecuarista seja execrado pelos parlamentares do colegiado que, mesmo  com o empresário em silêncio, deverão fazer perguntas e colocações com  possíveis ofensas a José Carlos Bumlai.

Ao Broadcast  Político, o presidente da CPI do BNDES afirmou nesta sexta-feira que  respondeu aos advogados do pecuarista reconhecendo o direito do acusado  de permanecer calado, mas negando a dispensa do empresário. De acordo  com o peemedebista, o depoimento está mantido para esta terça-feira, às  14h30. “Informamos que manteremos a oitiva e que, se ele decidir pelo  silêncio, é legalmente um direito que lhe assiste”, afirmou Marcos Rotta  à reportagem.