Sexta-feira, 13 de março de 2020. Os místicos que me perdoem, mas a data não tem uma lasca de sobrenatural. Trata-se, na verdade, de outro tipo de conjunção. Um alinhamento capaz de conectar pontos tão sensíveis quanto conhecimento, futurologia e experiências de descoberta — ou insights, para quem preferir um vocabulário mais colonizado. Na tal sexta 13, terá início mais uma edição do South by Southwest, maior festival de inovação e criatividade do planeta.

Ele acontece desde 1987 em Austin, a cidade mais cosmopolita do Texas (EUA), e reúne múltiplas disciplinas: tecnologia, mídia digital, cinema, música, televisão, jornalismo, educação, marketing, medicina e esportes, para ficar nos temas mais quentes.

Se você pretende investir no seu crescimento profissional, não importa qual seja a sua área de atuação, saiba que o SXSW — como o festival é mais conhecido — pode ser um atalho de várias casas no tabuleiro do jogo. O encontro é vulcânico, com intensidade extrema. Se você é um médico, por exemplo, pode mergulhar em uma manhã cheia de palestras sobre inteligência artificial aplicada à medicina. E, à tarde, emendar uma sessão com dois astronautas na casa dos 80 anos de idade, relatando suas aventuras no Programa Apollo. Informação, oxigenação e inspiração.

Compromisso carimbado há tempos na agenda dos chamados “criativos” brasileiros — profissionais de comunicação, da mídia e das artes, sobretudo —, o festival bomba cada vez mais entre nós. A edição 2019 do SXSW atraiu quase 1.700 brasileiros, entre os dias 8 e 17 de março. Mais de 300.000 pessoas compareceram ao Centro de Convenções e aos salões de vários hotéis do centro da cidade, nos quais centenas de palestras, debates e apresentações foram realizados.

O mais difícil, aliás, é montar uma agenda a partir de um cardápio tão alucinante. Tipo “Escolha de Sofia”. Durante minhas duas experiências, em 2017 e neste ano, fui à caça de mamutes e unicórnios da mídia e do jornalismo, como The New York Times, Buzzfeed, CNN, Facebook, Washington Post, Instagram, The Atlantic e The Intercept. Ou seja, tive a chance de enxergar o que as maiores referências da indústria da comunicação estão fazendo lá na frente do pelotão, duas curvas adiante. E também pude curtir o brilho do escritor Neil Gaiman ou os causos do cineasta Frank Oz, por exemplo. Lufadas de ar fresco.

O SXSW não poderia acontecer em outro local. Austin só tem uma. Capital do Texas, a cidade é um centro do pensamento progressista e da economia criativa no coração do conservadorismo norte-americano. Um lugar deliciosamente contraditório. Seu centro pulsa forte durante o festival, com shows, intervenções e ativações. Marcas, produtos e empresas de todos os segmentos promovem encontros onde o networking rola solto. Cenário perfeito para startups, universidades e gigantes de todas as indústrias apresentarem seus avanços tecnológicos e inovações.

Você tem um ano. Tempo de sobra para convencer o seu chefe a investir no conhecimento — ou agendar suas férias para março e pagar tudo do próprio bolso, em suaves prestações. E ainda dá para renovar o passaporte, tirar o visto americano e preparar a alma para encarar muita fila. Vamos lá, comece digitando www.sxsw.com no seu navegador. Te vejo por lá.