Poucas semanas serão tão aguardadas por quem acompanha o mercado de tecnologia quanto a que começará na próxima segunda-feira (25). Em três dias, teremos a mais quente temporada de divulgação de resultados financeiros trimestrais das cinco maiores corporações do segmento. A turnê terá Alphabet (leia-se Google e YouTube) mais Microsoft (leia-se também LinkedIn, Blizzard…) na terça-feira (26). Na quarta-feira (27) vai ser a vez da Meta (leia-se Facebook, Instagram, WhatsApp). E na quinta-feira (28), Apple e Amazon encerram a agenda. Por que a mais quente? Porque as chamadas Big5 viveram um período de gangorra em valor de mercado após o crescimento exponencial de 2021.

Hoje, as cinco, que convivem sob o acrônimo Gafam (Google, Amazon, Facebook, Apple e Microsoft – a despeito de as marcas Alphabet e Meta terem entrado na narrativa), têm valor de mercado somado de US$ 8,6 trilhões. As comparações são reincidentes, mas igualmente necessárias, porque superam o PIB de todos os países do planeta com exceção de Estados Unidos (US$ 23 trilhões) e China (US$ 17,7 trilhões). As 394 empresas listadas na B3 somam US$ 1 trilhão.

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A expectativa para cima delas tem muito a ver com a movimentação da taxa de juro básica da economia americana. Juros em alta, ações em queda. Esse é o movimento natural. O rendimento de títulos do Tesouro americano atingiu na segunda-feira (11) seu nível mais alto desde o fim de 2018: 2,87%. Para se comparar, no começo de março ele estava a 1,71%. Parece pouco, mas trata-se de uma elevação de 68% em 30 dias. E o Federal Reserve (Fed) já sinalizou que a alta dos juros deve continuar, para domar uma inflação anualizada (12 meses encerrados em março) de 8,5%, índice anunciado na semana passada.

As ações das bigtechs – e outras companhias desse ecossistema – lideram as quedas porque essas empresas, orientadas para o crescimento, são mais propensas a dar aos investidores retornos mais altos no médio e longo prazo do que no curto prazo. E o impacto de juros é maior sobre setores em que o desempenho dos ativos só virá no longo prazo. Uma gangorra emocional e financeira à frente.

Algo que tem marcado as empresas nos dois últimos anos. As variações dos preços das ações na Alphabet/Google foram de +27,2% (2020), +69% (2021) e redução de -12,3% (2022). Na Amazon, +73,1% (2020), +5,8% (2021) e queda de -11% (2022). Na Apple, +79,6% (2020), +38,5% (2021) e queda de -9% (2022). Na MetaPlatforms/Facebook, +29,6% (2020), +28% (2021) e neste começo de ano a maior das baixas entre as cinco, de -38% (2022). E na Microsoft, +39,5% (2020), +57,2% (2021) e variação negativa de -16,2% (2022). Em resumo, dois anos de fortes altas e um ano (2022) de forte queda.

De toda forma, ao longo do percurso (de janeiro de 2020 para cá), o resultado tem sido positivo, e quatro delas cresceram fortemente – Alphabet/Google (+86%), Amazon (+60%), Apple (+123%) e Microsoft (+78%). A única que andou de lado foi a Meta/Face. Cresceu exatamente 0,19%. Por esse pacote a semana que vem promete ser a mais quente em anos.