Em 2017, em uma de suas primeiras viagens internacionais como presidente, Michel Temer foi para a Rússia e para a Noruega divulgar o Brasil. Na época, sua agenda foi esvaziada por gafes e pouco interesse no País. Na semana passada, no Fórum Econômico Mundial de Davos, Temer encontrou outra acolhida. O presidente se reuniu com os CEOs mundiais da Enel, Cargill, Shell, Coca-Cola, AB InBev, Dow Chemical e ArcelorMittal, como Lakshmi Mittal (acima). Temer recebeu a sinalização da Enel e da Shell de que investirão no País, mas todos os CEOs demonstraram preocupação com a continuidade das reformas. O presidente respondeu que a da Previdência e a simplificação tributária serão votadas até o fim de seu governo.

Temer vai decidir

Está cada vez mais claro que a decisão final sobre as divergências que atrasam o lançamento da nova política automotiva, o programa Rota 2030, caberá ao presidente Michel Temer. Os ministérios da Indústria e da Fazenda discordam de um detalhe envolvendo o modelo dos incentivos fiscais para Pesquisa e Desenvol-vimento (P&D) e ambas as partes dizem ter chegado ao limite das concessões. De um lado, a equipe do ministro da Fazenda Henrique Meirelles afirma já ter aceitado um desconto mais generoso para o setor na Lei do Bem, voltada à inovação.

De outro, os industrialistas dizem ter retirado do texto propostas de benefícios adicionais que eram atrelados à produtividade na cadeia de fornecedores e ao faturamento de produtos inovadores desenvolvidos no Brasil. Uma fonte que acompanha o tema de perto identificou, em dezembro, o risco real de que o governo desistisse de criar uma proposta ao setor. O temor foi minimizado devido à sinalização de Temer às montadoras, para que voltassem ao Palácio do Planalto em fevereiro. A previsão é que o texto saia depois do Carnaval.

(Nota publicada na Edição 1054 da Revista Dinheiro, com colaboração de: Gabriel Baldocchi e Rodrigo Caetano)