O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou nesta terça-feira (2) que oferecerá vistos a milhões de cidadãos de Hong Kong e uma possível via para obter a nacionalidade se a China persistir na lei de segurança nacional para a antiga colônia britânica.

“Muita gente em Hong Kong teme que sua forma de vida, que a China se comprometeu a defender, esteja ameaçada”, escreveu em um artigo aos jornais The Times e South China Morning Post.

“Se a China continuar justificando seus medos, o Reino Unido não poderá, com a consciência tranquila, dar de ombros e olhar para o outro lado; ao invés disto, cumpriremos as nossas obrigações e ofereceremos uma alternativa”.

Umas 350.000 pessoas de Hong Kong têm passaportes nacionais britânicos (internacionais), razão pela qual não precisam de visto para entrar no Reino Unido por até seis meses, escreveu Johnson.

Outros 2,5 milhões poderiam solicitar um.

“Se a China impuser sua lei de segurança nacional, o governo britânico mudará a legislação migratória e permitirá àqueles que tiverem um destes passaportes procedentes de Hong Kong virem ao Reino Unido por um período renovável de 12 meses e poderão obter outros direitos migratórios, como o de trabalhar, o que os coloca no caminho para a obtenção da cidadania”, assegurou.

O Parlamento chinês aprovou na semana passada uma lei de segurança nacional a partir dos protestos pró-democracia em Hong Kong para fazer frente ao “terrorismo” e ao “separatismo”.

A oposição teme que esta lei seja uma arma para erradicar qualquer dissidência neste centro financeiro asiático, erodindo as liberdades e a autonomia supostamente garantidas em sua retrocessão, em 1997, da Grã-Bretanha à China.

Segundo Johnson, esta lei poderia “delimitar suas liberdades e erodir radicalmente a autonomia” da antiga colônia britânica.

Se chegar a ser implementada, o Reino Unido “não terá outra alternativa que defender nossos profundos laços de história e amizade com a população de Hong Kong”, escreveu.

Londres já havia anunciado planos para ampliar os direitos de visto àqueles que puderem aplicar a um passaporte nacional britânico e se somou às críticas internacionais contra Pequim.

A intervenção pessoal de Johnson aumenta significativamente a pressão.

Johnson rejeita e chama de “falsas” as afirmações de que Londres teria organizado os protestos, antes de acrescentar: “o Reino Unido só quer que Hong Kong tenha êxito” como “um país, dois sistemas”. “Espero que a China queira o mesmo. Trabalharemos juntos para que seja assim”.