O Facebook anunciou neste fim de semana que retirou mais 1,5 milhão de vídeos – sendo 1,2 milhão ainda no processo de upload -, relacionados aos ataques em duas mesquitas na cidade de Christchurch, na Nova Zelândia, realizados na última sexta-feira (15) e que deixaram 50 mortos. O massacre estava sendo transmitido ao vivo pela rede social e rapidamente se espalhou por todo o mundo.

“Por respeito às pessoas afetadas por essa tragédia e às preocupações das autoridades locais, também estamos removendo todas as versões editadas do vídeo que não mostram conteúdo gráfico”, postou a responsável pelo Facebook na Nova Zelândia, Mia Garlick, neste domingo (17).

Para a primeira-ministra do país, Jacinda Ardern, a medida não é suficiente. Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (18), ela afirmou que as redes sociais assumam as responsabilidades pelo mau uso de suas ferramentas.

Segundo a premiê, o fato do Facebook ter conseguido barrar 1,2 milhão de links mostra que “há poderes para uma abordagem muito direta a instâncias do discurso que incitem à violência, ou que incitem o ódio.” O Facebook afirmou que tirou o link ao vivo do ar após ser notificado pelas autoridades neozelandesas.

Em entrevista à CNN, a professora de estudos de mídia digital da Universidade de Tecnologia de Queensland, na Austrália, Jean Burgess, disse que as empresas de tecnologia podem empenhar o mesmo esforço usado na proteção de direitos autorais na precaução da disseminação de conteúdos de ódio.

“Essas plataformas agora estão correndo para acabar com o compartilhamento de conteúdo de mídia pelo qual eles têm pelo menos alguma responsabilidade”, disse Burgess.

Em resposta, o Facebook diz que contratou dezenas de milhares de moderadores humanos e está investindo em inteligência artificial para ajudar a policiar seus sites.”Continuamos a trabalhar contra o relógio para remover a violação de conteúdo usando uma combinação de tecnologia e pessoas”, disse Mia Garlick.

Esta não foi a primeira vez que um ataque do tipo foi transmitido ao vivo pela rede social. Em 2017, o assassinato de um homem em Ohio, nos Estados Unidos, também foi visto em tempo real por milhões de pessoas pelo Facebook. Na época, o fundador da rede, Mark Zuckerberg, ofereceu condolências à família da vítima dois dias depois. Ele ainda não se pronunciou sobre os atentados da semana passada.