O partido antieuropeu do Brexit anunciou nesta segunda-feira que não apresentará candidatos às eleições legislativas de 12 de dezembro, o que propicia que formação do primeiro-ministro Boris Johnson possa obter a maioria parlamentar.

Para não dividir o voto pró-brexit, “o Partido do Brexit não competirá por los 317 assentos que os conservadores ganharam nas últimas eleições”, afirmou seu líder, o eurofóbico Nigel Farage, em um ato eleitoral em Hartlepool, no nordeste da Inglaterra.

A Câmara dos Comuns é composta por 650 assentos e o partido de Farage, criado no começo de 2019, não tinha representação no parlamento.

“Esta decisão torna muito mais provável uma maioria conservadora”, apontou Sara Hobolt, professora de Ciências Políticas na London School of Economics (LSE).

“É uma notícia muito importante, que aumenta a possibilidade de uma maioria conservadora e, a mais longo prazo, o reajuste da política britânica”, afirmou no Twitter outro especialista, Matthew Goodwin.

Depois de ser obrigado a pedir uma terceira adiamento da data de saída da União Europeia, agora até 31 de janeiro, o primeiro-ministro Johnson promete realizar o Brexit se obtiver assentos suficientes para romper o bloqueio que jogou o país no caos político desde as eleições de junho de 2017.

“Nós, conservadores, precisamos somente de mais nove cadeiras para conseguir maioria e sair (da UE) no final de janeiro com um acordo”, disse Johnson no Twitter.

Farage, ex-líder do também eurofóbico UKIP – que abandonou em 2018 -, havia ameaçado apresentar 600 candidatos às eleições legislativas se o Partido Conservador rejeitasse uma aliança eleitoral.

Os conservadores acusavam seu partido de ameaçar dispersar o voto dos partidários do Brexit e favorecer os trabalhistas, favoráveis a um segundo referendo, ou aos partidos antibrexit, como Partido Liberal-democrata, de centro.

– Vitória não garantida –

Os eurofóbicos de Farage justificam sua decisão afirmando que o Partido Conservador fará um Brexit sem concessões.

“Nos últimos dias ouvimos vários ministros e o primeiro-ministro dizer que, na verdade, estão totalmente comprometidos a buscar um simples acordo de livre-comércio” com a União Europeia depois do Brexit em vez de uma relação mais estreita, defendeu Tice.

“E que não vão estender o período de transição além de dezembro de 2020”, acrescentou.

Por esse motivo, “nosso trabalho agora é ganhar alguns assentos na Câmara dos Comuns nessas áreas dominadas pelos trabalhistas (…) e então poderemos pedir as contas aos conservadores”, acrescentou.

O cientista político Tom Bale advertiu que Johnson ainda não venceu a disputa.

O primeiro-ministro pode perder várias das 317 circunscrições que há anos votam em seu partido, mas precisará ganhar bastante das outras.

“E nas circunscrições trabalhistas e liberal-democratas em que continua se apresentando, o Partido do Brexit provavelmente pode tirar mais votos dos conservadores do que do Partido Trabalhista”, advertiu Bale.