A cerimônia de premiação da 17ª edição de “As Melhores da Dinheiro” foi marcada por um debate virtual sobre o futuro da economia e como os impactos de temas como sustentabilidade e responsabilidade social estão sendo tratados pelas empresas.

Após apresentação do diretor editorial da Editora Três, Carlos Marques, e do diretor de núcleo da IstoÉ Dinheiro, Celso Masson, o evento em formato live realizado pela IstoÉ Dinheiro, da Editora Três, contou com o governador de São Paulo, João Doria, destacando a tradição da premiação e como neste momento de pandemia as empresas tiveram que se reinventar.

“A virtualidade é o símbolo deste ano, ano da pandemia. Um ano de desafios e em que os vencedores foram aqueles que se uniram para salvar vidas e se mostraram essenciais no respeito à sociedade”, disse Doria. Ele comentou que no auge da pandemia, São Paulo manteve 74% das atividades ativas e o Estado está retomando as atividades econômicas.

“São Paulo cresceu o dobro da média nacional, com 3,4 pontos no PIB [Produto Interno Bruto]”, destacou o governador ao comentar que o Estado já prepara um plano de retomada 2021/2022 com incentivo aos investimentos para a economia voltar a crescer. No entanto, Doria lembrou que a imunização é fundamental para todo esse processo e garantiu que até dezembro o Estado terá a vacina contra a covid-19.

Logo após a abertura de Doria, o presidente executivo da Editora Três, Caco Alzugaray, destacou que mesmo após os executivos brasileiros terem visto de tudo, a covid-19 apareceu para mostrar que a humanidade não estava no caminho certo, mas sim no rumo ao colapso.

Alzugaray fez um resumo dos últimos 20 anos do ambiente político nacional e destacou que o País passou por momentos “mais baixos do que altos”. Lembrou que foi em 1994 que o Brasil, sob a batuta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, viu o Plano Real ser lançado e que serviu como a base de um futuro macroeconômico promissor. E no governo Lula, o Brasil viveu o maior otimismo das últimas décadas, com oito anos de crescimento do PIB, como não se via desde o governo Juscelino Kubitschek, mas se revelou apenas o início de numa armadilha fiscal populista e irresponsável que explodiria no governo Dilma Rousseff.

O presidente executivo da Editora Três destacou ainda que depois do impechment de Dilma e o breve governo Temer, o Brasil elegeu Jair Bolsonaro, que se vendia como antissistema e totalmente contrário aos esquemas, mas a máscara caiu até mesmo para os mais ingênuos e desavisados.

“Fiz esse sucinto resumo do ambiente político e econômico brasileiro dos últimos 20 anos apenas para celebrá-los como heróis juntos de nossos bravíssimos trabalhadores. Nossas indústrias, serviços, varejo e agronegócio, aqui representando pelos senhores [executivos que seriam premiados], que formam a espinha dorsal do resistente corpo do nosso País, tão surrado, mas forte e resiliente. E vocês nunca deixaram que as crises, 80% delas provocadas pelos nossos mandatários, nocauteassem o nosso País”, disse Alzugaray.

Vencedores

A vencedora na categoria Governança Corporativa foi a Marfrig. Miguel Gularte, diretor-presidente da companhia, destacou que 2019 e 2020 foram anos desafiadores para a empresa, mas que também geraram resultados econômicos expressivos, sempre levando em consideração os princípios básicos de governança, apoio aos colaboradores e seguindo as regras estabelecidas pelos órgãos públicos.

Em Inovação e Qualidade, o primeiro lugar ficou com a Syngenta, conglomerado com quase 50 mil colaboradores e faturamento acima de US$ 20 bilhões. “A inovação está no nosso DNA, investimos todos os anos mais de US$ 1 bilhão em pesquisa e desenvolvimento para trazer aos agricultores inovação para ajudar o brasileiro com novos produtos e serviços e para ser mais eficiente na produção de alimento de qualidade e de forma sustentável”, diz Valdemar Fisher, diretor regional da companhia para a América Latina.

De acordo com o representante da Syngenta, a companhia investiu US$ 2 bilhões em inovação, com parte desses recursos indo para novas alternativas de produtos de controle de praga. A preocupação com uma agricultura sustentável é uma das marcas da empresa.

Ele comentou que o Brasil é muito importante para a Syngenta mundial e a empresa está desenvolvendo soluções específicas para as necessidades de agricultura tropical do País e cita como exemplo o programa de recuperação das pastagens degradadas, onde estão sendo testados conceito para melhor utilização dessas áreas.

O prêmio de Recursos Humanos ficou com a Cielo. “É uma honra receber esse prêmio porque o maior ativo das empresas são as pessoas. E neste momento de transformação digital, as pessoas serão a inteligência da inteligência artificial”, disse Paulo Caffarelli, CEO da Cielo, ao comentar que a transformação digital só é possível com a cultural e isso depende das pessoas.

Ele comentou ainda que a pandemia acelerou a transformação digital, mas que também mostrou a importância das pessoas para esse novo momento que estamos vivendo.

Durante o debate, o executivo da Cielo comentou ainda que o Pix, novo sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central (BC), vai trazer mais conveniência para os consumidores e mais uma opção de meio de pagamento para as empresas. “Não vai ter uma mudança radical, mas traz novas opções dentro de um universo de vários sistemas”, disse Caffarelli, ao lembrar que 60 milhões de pessoas não têm conta em banco. “Não vai tirar a movimentação dos canais tradicionais. Vai incrementar”, arrematou.

Responsabilidade Social teve a Basf como vencedora de 2020. Manfredo Rübens, presidente da empresa para a América do Sul, comentou que a companhia, que tem mais de 150 anos e 100 anos no Brasil, tem como propósito criar química para um produto sustentável, que está presente nos produtos e também na relação com as pessoas. “Somente entre 2016 e 2019, mais de 500 mil pessoas foram beneficiadas com as nossas iniciativas de engajamento social na América do Sul”, disse o executivo ao comentar que as ações sociais foram intensificadas durante esse período de pandemia para contribuir no enfrentamento do coronovírus. Ao todo, mais de R$ 2 milhões investidos e 660 toneladas de produtos doados.

O executivo destacou ainda que a empresa conseguiu fazer a formulação do álcool líquido em gel durante a pandemia e mudou as plantas para fabricar o produto tão indispensável para o combate à covid-19 e que antes dependia de matéria-prima importada.

No quesito Sustentabilidade Financeira, o pódio ficou com a cervejaria Ambev. Lucas Lira, CFO da companhia, destacou que não faltaram desafios financeiros nos últimos tempos e, por isso, o prêmio tem um gosto especial.

“Estamos passando por um momento de transformação e vimos a necessidade de evoluir sem perder nossas características”, comentou. Essa transformação está amparada em três pilares: crescer junto com o ecossistema, investir em mais inovação para tornar a experiência do cliente memorável e aportes em tecnologia, que teve a transformação digital acelerada pela covid-19.

Por fim, o prêmio de Empresa do Ano ficou com a Marfrig. “Essa é uma conquista de mais de 32 mil funcionários do Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e Estados Unidos”, disse Marcos Molina, controlador da Marfrig.

A empresa seguiu firme produzindo mesmo durante o período mais intenso da pandemia, sempre respeitando os protocolos ambientais para garantira saúde e segurança aos colaboradores e familiares.

“Também estamos preocupados com o meio ambiente e em julho criamos o Plano Verde Mais, em que vamos rastrear 100% do gado com origem apenas em propriedades livres do desmatamento ilegal”, disse, ao comentar que em 10 anos a companhia investiu R$ 500 milhões em sustentabilidade.