O prefeito de Seul, um ex-advogado de direitos humanos e potencial candidato à presidência da Coreia do Sul, foi encontrado morto nesta sexta-feira (10), em um caso de suicídio um dia depois de ter sido acusado de assédio sexual.

A morte de Park Won-soon, cujo corpo foi encontrado em uma montanha da capital do país, é o final mais dramático para um caso do #MeToo na Coreia do Sul, uma sociedade patriarcal onde este movimento derrubou muitos homens importantes de diferentes setores.

Embaixada dos EUA em Seul retira bandeira em apoio ao movimento antirracista

Butantan recebe 726 mil testes de coronavírus vindos da Coreia do Sul

Park apresentou um pedido de desculpas generalizado em um bilhete de suicídio – escrita à mão com tinta e pincel – encontrada em sua residência oficial e divulgada pelas autoridades da cidade.

“Sinto muito por todos. Agradeço a todos que estiveram comigo na minha vida”, escreveu ele, pedindo para ser cremado e que suas cinzas sejam espalhadas nos túmulos de seus pais. “Sinto muito pela minha família, a qual só causei dor”,

“Adeus a todos”, concluiu, sem uma referência às acusações apresentadas contra ele.

Park é o político sul-coreano mais importante a tomar tal atitude desde o ex-presidente Roh Moo-hyun, que se jogou em um precipício em 2009 depois de ser interrogado por acusações de corrupção.

A filha do prefeito reportou seu desaparecimento na tarde de quinta-feira, segundo a polícia. Ela afirmou que o pai estava desaparecido e que havia deixado uma mensagem que soava como suas “últimas palavras”.

Park, uma figura importante no Partido Democrata, de centro-esquerda, governava há quase uma década a capital da Coreia do Sul, onde moram quase 20% da população do país.

Ele venceu três eleições. Promovia a igualdade de gênero e social e já havia expressado a ambição de suceder o presidente Moon Jae-in em 2022.

A morte aconteceu um dia depois de sua ex-secretária apresentar uma denúncia contra ele à polícia, aparentemente por um caso de assédio sexual.

A Coreia do Sul segue dominada por homens, apesar dos avanços econômicos e tecnológicos, mas nos últimos dois anos o movimento #MeToo apresentou várias denúncias.

De acordo com um documento que supostamente é o depoimento da vítima de Park, que trabalhou como sua secretária pessoal a partir de 2015, ele cometeu “assédio sexual e gestos inapropriados durante as horas de trabalho”, como insistir que ela o abraçasse no dormitório anexo a seu escritório.

Depois do trabalho, afirmou, ele enviava “selfies com roupas íntimas e comentários lascivos” em um aplicativo de mensagens.

“Fiz uma lavagem cerebral em mim mesma, com medo e humilhação tremendos, de que tudo isso era para o bem da cidade de Seul, meu e do prefeito Park”, disse ela, segundo o documento.

A polícia confirmou que uma denúncia foi apresentada, mas se recusou a confirmar os detalhes.

A morte de Park significa que a investigação será automaticamente encerrada.