Com alta no número de internações por covid-19 a partir do réveillon, Monte Carmelo, município com 48 mil habitantes no Triângulo Mineiro, enfrenta falta de cilindros de oxigênio para tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus. Diante da crise, o prefeito, Paulo Rocha (PSD), pediu à população, em uma Live, que, caso tenha em casa, empreste cilindros ao hospital do município. A falta do equipamentos obrigou o município a transferir oito pacientes para outras cidades em dois dias.

A prefeitura da cidade diz que o problema não é a falta de oxigênio, mas a ausência de cilindros. Segundo Rocha, além do preço ter triplicado, não se acha o equipamento para entrega rápida. “Fui secretário de Saúde na gestão anterior e acompanho essa situação há muito tempo. Um cilindro que custava R$ 800, hoje custa R$ 3 mil, e você não encontra para comprar”, aponta.

Rocha afirma que, até o fim do ano passado, em momento algum ao longo da pandemia o hospital da cidade teve esgotada a capacidade de atendimento. “Isso mudou a partir do réveillon. Há mais de um mês temos os 16 leitos de unidade de terapia intensiva e os 31 de enfermaria, todos especificamente para tratamento de covid-19, ocupados”, relata.

Ele diz que, antes da virada do ano, o consumo de oxigênio no hospital da cidade era de quatro cilindros por dia: “Cinco, quando muito. De lá para cá, esse consumo saltou para 54 cilindros por dia”, contabiliza. “E, infelizmente, no Brasil, tem muita gente que aproveita um momento desses para ganhar dinheiro”, reclama.

Depois da live, feita no sábado, 13, a prefeitura conseguiu reunir junto à população 15 cilindros. “Eram usados por pessoas que morreram ou por oficinas mecânicas, que também decidiram contribuir”, afirma. Rocha diz ainda que, a partir de contatos e doações feitas por empresários, o município conseguiu ainda comprar 30 cilindros em Uberlândia, a principal cidade da região. A expectativa é que 20 deles cheguem hoje a Monte Carmelo.

Mesmo com a doação dos empresários e o empréstimo por parte da população, o município precisa ainda de outros 35 cilindros para suprir a atual necessidade de oxigênio para o tratamento dos pacientes com covid-19, antes que novas transferências sejam feitas.

Em comunicado, a Secretaria de Estado de Saúde afirma que o problema registrado com os cilindros de oxigênio em Monte Carmelo foi “pontual” e que já está resolvido. “Quanto à disponibilidade de gases medicinais, especialmente o oxigênio, esclarecemos que o fornecimento do respectivo insumo se encontra normal. Pontualmente, no município de Monte Carmelo, havia a necessidade por cilindros de oxigênio, o que foi localmente resolvido”.

O texto diz ainda que “ademais, o governo de Minas Gerais, por meio de suas Secretarias de Saúde e Secretaria de Desenvolvimento Econômico, tem acompanhado e monitorado o consumo de oxigênio e outros insumos e suprimentos relacionados ao enfrentamento da COVID-19. O monitoramento abrange o acompanhamento do consumo junto a municípios e/ou prestadores, bem como, em alguns casos, conversas diretas com fornecedores estratégicos”.

Casos de covid em Monte Carmelo

O prefeito afirma que, atualmente, 471 moradores da cidade estão em casa com diagnóstico confirmado da doença. “Já imaginou se 10% desse total venha precisar de internação? Chegamos a um ponto em que não poderíamos chegar”. Rocha afirma que as viagens de moradores da cidade e aglomerações por festas são os principais responsáveis pela situação.

Monte Carmelo, por causa da pandemia do novo coronavírus, implementou toque de recolher. As pessoas não podem transitar pelas ruas da cidade a partir das 21h. Também está proibido o funcionamento de bares. O último boletim epidemiológico da Prefeitura de Monte Carmelo, divulgado nesse domingo, 14, mostra que 40 pessoas já morreram na cidade com covid-19. O total de casos confirmados da doença é de 1.793.