De dois em dois anos, o Royal Institute of British Architects  premia os melhores projetos de arquitetura espalhados pelo mundo. Após iniciar a competição com uma lista de 62 prédios, a instituição divulgou os quatro finalistas do prêmio, que inclui um projeto brasileiro. Para além do design, a premiação leva em conta também o impacto dos prédios na comunidade. O vencedor será conhecido em novembro.

Aldeia das Crianças, de Gustavo Utrabo e Pedro Duschenes da Aleph Zero – Formoso do Araguaia, Tocantins

O projeto brasileiro vem de um ponto remoto do País. É uma escola mantida há 45 pela Fundação Bradesco que atende alunos de 13 a 18 anos. Devido a sua localização funciona como internato, com acomodações para os alunos, que chegam a pegar estradas e viagens de rio por 5 horas para chegar ao local.

O escritório Aleph Zero foi convidado por Marcelo Rosembaum, que trouxe para a construção a interlocução entre a equipe do projeto e quem efetivamente iria usá-lo, trazendo a ele mudanças que visavam melhorar a vida no internato. Entre as sugestões feitas pelos alunos foi a criação de quartos menores, de até seis pessoas.

Uma dificuldade encontrada foi a escassez de materiais, uma vez que os transporte na região é precário. Dessa maneira, grande parte da estrutura do prédio foi feita com peças pré-fabricadas de madeira, material abundante no local. Já o tijolo, necessário para o conforto térmico e acústico da obra, foi feito em um canteiro criado na escola, com uma produção de 4.000 peças por dia.

Central European University, de O’Donnell+Tuomey – Budapeste, Hungria

O prédio é a mais nova ala de pós-graduação de ciências sociais, humanidades, direito e políticas públicas de uma das principais universidades europeias, e foi financiada pelo magnata húngaro-americano George Soros. O prédio faz a ligação entre os prédios antigos da instituição de maneira quase imperceptível, com grandes corredores envidraçados. A fachada de feita em calcário esconde 35 mil novos metros quadrados para a universidade, com nova biblioteca, auditório e um terraço no topo com vista para o Rio Danúbio.

Il Bosco Verticale, da Boeri Studio – Milão, Itália

A tradução do nome do prédio diz muito sobre sua proposta. O Bosque Vertical é exatamente aquilo que se propõe: um prédio que visa a coexistência do homem com a natureza, mesmo que em uma construção tipicamente urbana como um prédio. Ela é a segunda torre de um projeto para trazer mais verde a cidade.

Todas as árvores foram escolhidas pelo arquiteto Stephano Boeri, que pretende com seu projeto diminuir a necessidade de ar-condicionado nas residencias assim como aumentar o fluxo de pássaros e insetos na região. No total serão 17 mil árvores que representam quase 20 mil metros quadrados de área verde. Com este tipo de projeto, o estúdio pretende ao mesmo tempo aumentar a natureza urbana e diminuir a expansão das cidades ao criar projetos verticais.

Toho Gakuen School of Music, da Nikken Sekkei – Tokio, Japão

Com o intuito de uma maior interação entre os músicos estudantes, o projeto visa trazer espaços abertos em contrapartida das tradicionais salas fechadas de conservatórios. Para tal, a planta é aberta, com diversas claraboias e grandes janelas para aproveitamento da luz natural. Como se trata de uma escola de música, a acústica foi ponto importante do projeto, de forma que as salas de aulas foram desenvolvidas especificamente para cada instrumento e são acusticamente separadas por corredores. Assim, é possível escutar os ensaios enquanto se caminha pelo prédio, mas há total silêncio dentro das salas. Já a fachada do projeto é simples, feita de concreto aparente com grandes janelas