Os pré-candidatos democratas realizaram nesta terça-feira seu segundo debate a caminho das primárias nos Estados Unidos para a eleição presidencial de 2020, com Bernie Sanders e Elizabeth Warren apresentando suas conhecidas ideias progressistas.

Sanders e Warren, com 16% e 14% das intenções de voto, respectivamente, são conhecidos críticos do poder do dinheiro e de Wall Street e representam uma opção à esquerda na corrida pela indicação democrata, que começará com as primárias de Iowa, no dia 3 de fevereiro.

Os dois foram os primeiros a subir no palco, de onde saudaram afetuosamente o público de Detroit, Michigan, um dos estados “pendulares” que alternam seu apoio entre democratas e republicanos.

Warren defendeu “uma mudança grande e estrutural” no país e advertiu que a falta de vontade política para se enfrentar o presidente Donald Trump vai manter o sistema “manipulado que ajuda os ricos e os que têm bons contatos, em detrimento dos demais”.

Sanders, que defende um programa de assistência médica universal conhecido como “Medicare para todos”, a legalização da maconha e a elevação do salário mínimo para 15 dólares a hora, convocou o eleitor a “transformar a economia e o governo”, e citou como exemplo o Canadá, onde a saúde é um “direito humano”.

“As pessoas querem pagar um preço razoável por seus medicamentos” e “esta não é uma ideia radical”, declarou Sanders, senador por Vermont.

“Há muito em jogo e as pessoas têm medo”, disse Warren, senadora por Massachusetts.

“Podemos seguir pelo caminho que o senador Sanders e a senadora Warren querem nos levar com políticas ruins como o ‘Medicare para todos’, tudo de graça e promessas impossíveis que vão afastar os eleitores independentes e reeleger Trump”, rebateu o ex-congressista John Delaney.

Warren respondeu: “nós somos democratas, não tratamos de tirar a assistência médica de ninguém, quem faz isto são os republicanos”.

“Não entendo como alguém se apresenta como candidato à presidência dos Estados Unidos apenas para dizer o que não conseguiremos fazer”.

Críticos alertam para os riscos de o partido se colocar muito à esquerda do espectro na corrida para 2020.

Como parte de sua estratégia de campanha, Trump não se cansa de afirmar que todos os pré-candidatos democratas abraçaram o “socialismo radical”.

O tema migratório também foi debatido e Warren defendeu a segurança na fronteira, mas criticou a ” criminalização” dos imigrantes irregulares e o fato de Trump separar “crianças de seus pais”.

“Uma mãe e uma criança que caminham 1.000 milhas fugindo da violência não são criminosos”, declarou Sanders.

Criticado por seu plano de transformação da matriz energética, Sanders reagiu com firmeza: “Estou um pouco cansado dos democratas que têm medo das ideias grandes. Os republicanos não temem as grandes ideias”.

O debate com os 20 pré-candidatos democratas foi dividido em dois dias, e nesta quarta-feira o líder nas pesquisas, Joe Biden, dividirá o palco com os senadores Kamala Harris e Cory Booker, dois proeminentes afro-americanos que criticaram duramente o ex-vice-presidente de Barack Obama sobre questões raciais.

As apostas são altas. O debate deve contribuir para começar a reduzir o número de candidatos, talvez pela metade, até o próximo encontro que será em setembro.

“Nesse momento acho que será ‘Sleepy Joe’ (Joe Sonolento)”, disse Trump, em conversa com a imprensa na Casa Branca, usando o recorrente apelido para Biden.

Para os que têm tido um desempenho menos expressivo, como a senadora Kirsten Gillibrand, ou Julian Castro, secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano no governo Barack Obama, ambos com menos de 2%, o debate em horário nobre pode ser a última chance para manter suas campanhas na disputa.

Depois de uma performance apagada no primeiro debate, em junho, quando enfrentou duras críticas de Harris em relação a seu histórico político, Biden reconheceu que não estava preparado o suficiente para rebater as críticas.

Na semana passada, ele afirmou, porém, “que não será tão educado desta vez”.

Kamala Harris, que ganhou impulso após um momento com Biden que viralizou, mas que já caiu para quarto nas pesquisas, garantiu que vai jogar limpo.

“Vou manifestar diferenças e articulá-las”, disse ela à imprensa nesta segunda-feira, em Detroit. “Não há razão para não sermos educados”, completou.

De acordo com a média de pesquisas de intenção de voto feita pelo site RealClearPolitics.com, Biden conseguiu manter sua liderança, com um apoio em torno de 32%.